quinta-feira, outubro 12, 2006

















BEIRA DE ESTRADA

Na proporção que o tempo passa,
nos ultrapassam,
cercas de arame,
árvores empoeiradas,
poças de água azul,
ipês ainda com folhas,
pessoas de cabeça voltadas,
beirais de ladeiras antigas,
pedras das laterais do caminho,
risos de crianças famintas,
olhares copiosos de humildes,
roçados abandonados,
cercas quebradas pelo gado,
procissões de pedintes,
bêbaos caindo pelas valas,
pedras desenhadas sob nós,
passadas de quem anda à frente,
arvoredos carregados,
olhares curiosos, de pessoas sentadas,
procissão seguindo, rumo ao cemitério,
carroças puxadas por tristes burros,

lavradores qeu voltam do roçado,
com enxadas e machado nos ombros,
medo do escurecer distante,
carcaças de animais mortos,
cães que apenas te olham,
porteiras abertas, solitárias,
escombros de cassas ruídas,
aguaceiros cobertos de musgos,
leitos de estradas fechados,
a aridez do deserto,
a fertilidade do chão
açudes transbortantes,
crianças banhando, alegres,
gritos ao longe,
cheiro de comida nas casas,
cheiro das árvores em florada,
pássaros em rovoadas,
pés de flores cobertos de cheiro,
pessoas acenando adeus,
sombras nas laterais da estrada;
mulheres que vão lavar roupa,
gado aos montinhos, deitados,
bodes pulando de pedra em pedra,
lamparinas acesas,
foco de luz saindo de dentro,
latidos de cães, diminuindo,
galinhas se agasalhando para dormir,
pessoas às portas, triste,
meninos chorando,
gado ruminando,
tristeza aumentado,
a distância aumentando,
a caminhada diminuindo,
o lugar chegando,
a história terminando,
as luzes de apagando,
as luzes de acendendo.
o sol nascendo,
enfim, chegamos.

naeno:121006

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TERESINA

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