Quando eu morrer, me enterrem
Em pleno ermo da caatinga,
Pra que eu não saia de lá,
E nem me afaste do meio
Dos bois já idos pela metade,
Com o resto eu tome cuidado,
Desterrem as nuvens invernadas.
Quero ser seco na vida,
O que eu não fui na morte.
Ainda tenho braços fortes,
Ainda seguro um garrote,
Não com os pulsos, com oração.
Quando eu morrer, se vê depois,
Por ora tirem meus pés,
Pra não andar de revés,
Não chegar longe. Quem é.
Que não deseja ficar,
Num lugar que bem lhe quer.
Quando eu morer, não dêem mole
Ao meu corpo dorminhoco,
Soltem-me sem alma num oco,
Não chamem-me mais Raimundo,
Serei só um bicho solto.