quinta-feira, março 29, 2007

ARTÍFICE

Quem me arrefece e me liga ao sol poente
É esta nascente no meu cérebro ensacada
O que me deixa de olhar prospectivo
É a teimosia de eu mesmo rir de mim
Provocando insone a noite e seus clarins.
Cato folhas na escuridão, e passo a mão
Pra sentir se é verde, cheirando o talo,
Não há quem caia dessas alturas agora,
Que não esteja morto, que não seja a hora.
Quem me resfria são os cantos dos galos,
Que me derramam serenos da noite esguia,
Uma noite só, parece mais comprida,
Que se comprimisse ao meu peito o chiado,
Mas ela tinha de ficar mais curta, e chata.
Pedem meus cordões à lua,
E assim cativa é só minha a musa,
A desejosa que todos inventam
Com ela disfarces de gente.
Quebram-se os fios invisíveis
De minha vida toda, todo aventureiro,
Ainda cato folhas abatidas,
Pelo estampido do sol, pela idade,
Pra minha festa, no fim da hospedagem,
Nesta estalagem onde ninguém dorme,
Prometerei trazer puxado à linha
O que me aquece, o que me resfria,
O sol poente se debatendo força
O sol nascente já querendo ir,
Os galos roucos na manhã ressaca,
Para que me esqueçam e procurem lembrar,
Que fui artífice da junção dos sóis,
Que andei de noite pra lá e pra cá.

4 comentários:

Anônimo disse...

Naeno eu não me canso de ver o teu trabalho. Ele é muito consistente e carregado de beleza. Um verdadeiro poeta.

Paulo Lopes

Naeno disse...

Obrigado meu irmão. São essas observações, que embora eu seja, carregadas, talvez de emoções montâneas, servem para nos animar e prosseguir fazendo poesia.

Um abraço

Naeno

Anônimo disse...

Lindo demais. A mim tocou profundamente.

Um abraço,

Naeno disse...

Obrigado amigo Penseiro, são estas coisas que nos fazem orgulhosos do que somos.

Um abraço

Naeno

TERESINA

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