sábado, setembro 30, 2006














VIDA

Vida, ai, minha vida, tão dividida,
entre o que sou, que tenho comigo,
e o que me falta, dor tão sentida,
que molha meus olhos, de outra vida.

Vida, minha vida, vida tão reticente,
que tempos me abstrai, e fico ausente,
que se se demora, à volta, aumenta,
espaços, e a outra se chega e senta.

Vida, vida envolta, de si mesma,
que em estando incompleta, a mesa,
se insinua, não fala, se ensimesma,

Vida, a vida que escolhi, prá ser,
o tempo quer por fim trazer-me,
à tona, emergir de novo, para não ser.
naeno:300906

















AURORA

Nem a linda aurora quando vem,
nem o brilho fino do sol claro,
nem a roseira plena de rosas,
tem a beleza pura que tu tens.

Nem o anoitecer, que mais demora,
nem o mistério puro de nascer,
nem as estrelas pontilahando o ceu,
nada disso é, lindo como tu Aurora.

Nem a cescida quieta de um anjo,
nem a visão distante das costaneiras,
nada disso, como tu, é tão inteira,

contemplo tua beleza, e convenço mais
que nem a lua, arrodeada de estrelas,
não se comparam com a tua beleza.
naeno:300906













SONETO DA DISTÂNCIA

Longe do meu amor, se me parece
o amor como sentimento estranho
pois de minha amada nunca esquece,
meus olhos, que saudade, se banham

Longe do meu amor eu sinto tudo,
que de tristonho a vida inventou,
cego, percebo nada, e fico mudo,
parece que é nada e tudo acabou.

Acabou-se em mim o entusiasmo,
fico por mim o tempo todo calado,
ó amor existem diferenças sim,

Entre o estar contigo, e ficar tão só,
e tudo em mim adoece, de dar dó,
e tudo perdeu o jeito, e está no fim.

naeno:300906















POETA

Poeta é um ser curioso, de olhar cismeiro,
que olha a roseira, ver no botão, a rosa prieiro,
poeta é uma folha que cai antes da chuva,
é um criador, nos detalhes da criatrura,
e é a criatura que Deus, tanto diferenciou.
Poeta é um ser sintomático, e tão enfático,
que deixa a caneta, larga o caderno e troca de pena,
mas nunca ele deixa sair, por seus veios de lágrimas,
a bela visão que tem de tudo que é drástico.
Poeta é de um olhar compassivo, diante de tudo,
poeta, diante de si mesmo, não sabe,
se perde, quando é prá dizer o que ver de certo.
Poeta é um ser delicado, por isso ele cala,
diante de toda beleza, ele perde a fala.
Não se convence um poeta, sobre seus dilemas,
não se comove um poeta ante o reticente,
ele sempre tem uma história, uma narrativa,
e quando ele sente, ressente-se e se motiva.
Poeta não brinca com flores, a elas encara,
e com o olhar luminoso, todo belo capta,
sem por em prova se é isto ou aquilo,
o poeta invde a si mesmo, e se cala.
Mas nunca se revela, a não ser em seus veros,
e são sempre quitos seus olhos de orvalho.
Poeta é um ser que Deus preparou,
poeta, enquanto era feito, se deparou,
poeta se auto-odeia por que não livrar flor,
de se despertalar, morrer de dor.
Poeta é uma casa inteira com seus guardados,
poeta tem sua cabeceira, sempre ocupada
.
naeno:310906












AMOR

Amor é a bolsa que se rompe e nasce o dia,
É o barulho de água de bocas se beijando,
É o silêncio da estrada quando se vai caminhando,
Direcionalmente a ela, que já está esperando.
É o ruflar de azas de aves se amando,
E o entrelaçar das abas, das borboletas,
Que fazem voando.
É o sacrifício que faz o sol em deixar a lua,
É choro sentido da lua em não poder tocar o sol.
Amor é a quimera mais provável,
É um encontro sem horário,
É o despencar do dia, silencioso,
É o raiar fulgurante da aurora, a cabeça do dia,
É um ocaso refletido no espelho do mar,
É o mar em silêncio deixando boiarem,
Barcos, no mesmo movimento, de fazer amor,
Navios, no mesmo intento de repetir, amar,
Velas, que velam, de longe, as loucuras das águas.
Amor é deixar o dia, calmamente, não acorda-lo,
E deixar finalmente que a noite o alcance,
D dê-lhe por fim o beijo, de um desejo secular,
Amor é aquilo que ferve, ardentemente em nós,
E nos deixa esperando, todos estes semblantes,

Para aí, então, poder se constatar
naeno:300906













LEMBRANÇAS

Nos arvoredos, os passarinhos se amam no entrelaço das asas,
E tudo é tão calmo, não se ouve nada,
além do ruflo das asas.
Penetrado em mim, com os olhos errantes na mata,
eu me lembro do tempo que fui, um menino.
Lembro de mim, como os velhos voltam, ao que eram,
quando eu era só um menino.

Eu era feliz por esse tempo, um passado alegre,
resistiam em mim vigor, e forças, diminuídas,
morava em mim a sinceridade, nos bons e ruins sentimentos,
Aos arroubos do corpo, o viço, se abstraiam dos sentimentos místicos.
Eu era tal um beija flor, que amava a flor e as alturas.
E se confiava em suas asas, parava, pairava no ar.
O temor a Deus e fé, também de mim,
e ia a missa com minha mãe todo domingo,
me confessava, ao padre, o que julgava, razoável dizer,
e no mesmo dia, até voltando pleno de Deus, voltava a pecar.
Eu retinha uma paixão por mulheres sós,
e fazia versos, mandava flores, cartas, até pássaros que eu pegava.
e tudo isso eram idéias e gestos de mim.

A minha mocidade, quando seguia o meu pai em tudo que fazia,
o único herói de que tinha conhecimento.
Não tinha conhecia o bravo Robson Crusué,
Nem Zorro, nem o que citava Júlio Verne,
de quem só vim saber, depois de deixar, sem mim, meu interior.
Sei que houve tristeza, eu vi alguns chorarem,
recebi presentes: baladeiras velhas, cofos de macacujá,
galhinhas amarradas aos pés. Por isso, acho, deixei saudades.

A minha infância, minha juventude,
a noite de ontem que passei em claro,
estão muito longe,
doem-me como picada de marimbondo,
a perspectiva dos meus próximos anos.
Morreu meu pai, o meu único herói,
e como fico eu, vai que em mim destrua-se,
a confiança que dias bons voltarão,
por que é disso que vivo, com isso eu lido,
minhas distantes, perdidas, ilusões
.
naeno:apanhados
















SANFONA

Estrada de carroçal,
um cheiro doce do chão,
eu levo Deus no meu peito,
montado num alazão.

Estrada do meu destino,
é triste o meu caminhar,
nao fosse o brilho da estrela,
maior era o meu penar.

Só quero uma sanfona,
colada no meu coração,
teclado de estrela azul,
e que só toque baião.

Os galhos roçam meu peito,
meu peito roça o luar,
me perco nos precipícios,
meu choro a principiar
.
naeno/climério:apanhado






TEUS OLHOS

Vendo os teus olhos,
foge-me a necessidade,
de outras luzes,
de qualquer outra claridade,
por que são eles o farol da minha guia,
a eles sou tão cativos,
vistas de me enfeitiçar.

Não é novidade,
que por eles corro mundo,
como campeia o céu, inteiro o sol,
da minha cega, tenho ainda este guia,
os teus, olhos um clarão,
nas estradas a me levarem.

Não é preciso repetir,
me basta a luz,
e que clareia a minha vida, o teu olhar,
é uma luz que vem de uma claridade,
o teu rosto que completa,
a minha vida em caridade.

Não me bastava,
nem a ti que tanto sabes,
que já ceguei e enxerquei por um milagre,
e foi divino como fez Jesus, cuspindo,
e tocou o olho do escuro,
e a ele fez brilhar.










VALSA

Fora de mim, nas campinas, vagas,
acordes de um violão ao luar,
que sinto meu peito acompanhar,
um compasso lento,
no rítmo que traz o vento,
vem, em mim se alojar.
E todo este momento vivendo,
a música fora, insistente,
e dentro, em mim, vou revivendo,
os tempos, a minha jovem idade.
Chegado o momento de não resistir,
enlaço o teu corpo, damos a sair,
de fora e de dentro,
da música e de mim,
e vamos dançar.
Meu peito encostado no teu,
meus olhos bebemdo tuas lágrimas,
choros comovidos, com a mesma valsa.

naeno:300906












BRASILEIRA

Linda morena dos cabelos negros,
a tua cor é de toda beleza,
a cor da areia da praia,
teus sentimento por mim, são
o que tu negas.
Mas ainda vou querer, poder,
ir nessas matas e prcurar-te
encantou-se o teu sussurro,
a tua voz campeira, luz, estrela,
é que eu sempre procuro.
Ó linda lua em pleno cio,
do meu amor nem desconfias,
mas ainda vou um dia,
me aventurar, numa distância infinda,
vou só de procurar.
Hás de existir, linda sereia,
não será lenda o teu cantar,
e ainda vou um dia, fundo mergulhar,
nos teus mistérios, olhos de jaboticaba.
E se, acasos, me favorerer,
o tempo e medo, de mudar,
mudarei primeiro do que te trocares,
então te verei nua, como vejo,
no céu inteira a lua.
O meu amor não tem mais nome,
é o que chamem, alucinado,
mas é só por ti o meu desvairar,
a ninguém eu busco, lindo sol,
luz do meu olhar.
naeno:300906

sexta-feira, setembro 29, 2006













REINVENÇÃO

Chegará o dia, que o que inventamos,
Desinventarão,
E a ordem dos tempos será,
A reinvenção.
E do dia passado, restará, à mesa, café e pão.
Um pão dormido, duro, como a própria vida,
E se acomodarão.
E de tudo, do partido, dividido, tido,
Só restarão,
Migalhas de nossos desgostos.
E pelo mês de agosto,
Reflorescerão,
Outros sentimentos,
Como outrora.
E quem ver isso primeiro,
Faz a mala e parte,
Louco vai-se embora

naeno:apanhados












ARPÃO

Quando a saudade bater,
a porta do teu coração,
insistente, manda embora,

deixa ela dormindo fora,
não abre a porta não.

E se assim ela insistir,

apontado o seu arpão,
reza prá Jesus, contida,

que até Ele foi, em vida,
ferido no coração.

Ai amor, também,

fiquei refém da mesma algoz,
tempos eu passei

sem poder soltar a voz,
só o teu nome vinha,

envolvido num soluço.

E da janela,

quando olhava e via a lua,
eu confundia

a imagem dela com a tua,
dava vontade de sair

como um cachorro, pela rua.
naeno:disco:Interior











TEU BEIJO

Eu passei tanto tempo, procurando em outras bocas,
Um beijo que fosse, como o teu, tão ardente,
Mas nunca encontrei, nem sequer no jeito, no gosto
O teu beijo é único, pra minha boca é, dele sou carente.

Eu por um tempo achei, que de minhas loucuras,
Encontraria como a tua, outra boca igual, no ardor,
Mas foi uma ilusão de duração pequena, imatura,
E fiquei, um tempo fiquei, e se ficar só é duro.

Cada um busca aquilo que quer, e eu só busco a mulher,
Que me deu de um bom tempo, o beijo mais quente,
Um beijo que minha boca nunca esqueceu como é.

Cada um desistente, ao seu tempo, cansado não busca,
E se perde e prefere um adeus, a ter de encontrar,
O sabor bom da vida, um beijo perdido, uma loucura
.
naeno:apanhados











OLINDA

Olinda, de uma tempestade, de pura beleza,
Deram-te este nome, ao que fazes jus, e mais.
És bela, até onde não cabe, mais certezas
És o melhor encontrado por nossos ancestrais.

0linda, vestígios de amor, por onde eu passo,
E a graça, que em ti consiste, é um poema,
Que declamo em praça pública, e faço cena,
Pois nos meus pés, eu tenho o teu compasso.

Ó linda, formosuras, inteira, de alma pura,
És só um símbolo de tudo o que lindo,
Do mais vertiginoso encanto e candura,

Ó Linda tu és meu recanto e meu descanso,
Quando estou por aí. Da Sé te vejo vindo,
Depois de beijar a ladeira, eu desço, descambo
.
naeno:290906

















AMERICANA

Ó minha americana do sul,
ó minha Pátria verde azul,
só vejo céus e florestas,
o amarelo, fino ouro,
levaram por nossas frestas.

Ó minha americana, irmã
de outras Américas,
la de outros mares,
orgulhoso dos palmares,
mais irmão da natureza,
eu sou filho de Zumbi,
sou árvore destas florestas,
meu coração vive em festa,
não me perco por aqui,
por Ceci e por Peri,
eu me dava, do que resta.

naeno:280906














JUREI

Meu amor,
já me cansei,
só por ti, chorei,
ao ponto de
suportar,

Mas eu jurei,
Eu nunca mais vou chorar.

Meu amor,
pobre meu peito,
que sentiu tanta dor,
mas eu jurei,
por esse amor,
Nunca mais na vida,

vou chorar.

Devolva-me as rosas que te dei,
já faz tempo, eu sei,
restam quase nada,
mas quem sabe
empenhado o meu coração,
elas refloreçam,
não morram não.

Devolve-me o que tirastes
de dentro do meu peito,
o coração sem jeito,
de aprender a amar.
naeno:290806













A DOR DO POETA

As dores que sentem os poetas,
São iguais as de todos mortais,
Só se diferenciam nos nomes,
Mas têm parecença nos ais.

Um poeta quando chora, geme,
Treme o papel e a caneta,
O poeta, também chora, muito,
Quando dá nele a veneta.

De lembranças, só de lembranças,
E quando, eles, delas lembram,
Dão-se pras musas em herança.

Um poeta quando chora, vê,
Em seu ofusco semblante,
Estrelas em pleno dia, e crê
.
naeno:290806













DORME

A estrela dorme no céu,
no céu também dorme a lua,
dorme a flor em meu jardim,
dorme o meu amor, risonha,
guardada, dentro de mim.
E eu tenho de ser zelozo,
de ter cuidado ao andar,
porque meu amor dorme leve,
e tudo a faz despertar.
E o lindo é vê-lo dormindo,
como com a lua a brincar,
o meu amor tem o jeito,
de criança, brincando ao luar
.
naeno:290906













DISTANTE

O meu amor está longe,
londe que nem sei mais,
mas a lua também mora,
distante, muito mais,
mas todo dia eu a vejo,
aqui, que dá pra tocar.
Mas omeu amor longe,
não me causa tristeza,
pois o quanto pesnso nela,
mais tenho esta clareza,
de que é o meu amor,
dos meus dias a flor,
uma flor, que de longe,
aumenta o meu amor.

A saudade, meu tormento,
e minha conformação,
diz à minha flor,
diz que eu não quero,
mais me sentir só, não
.

naeno:290906











SEGREDO

Hoje o sol chegou mais cedo
fez uma festa em meu quintal,
beijou a cada flor, foi aos arvoredos,
e com toda a flora, ele fez igual.

O sol mostrou-me, por querer,
que a vida pode, num momento,
mudar-se completa, é um jeito de ver,
e de acreditar nela e em nós propriamente.

E havia além desse segredo, o sol,
motivos para tanta brandura,
e o motivo era, depois contou-me só:

Não estou diferente, assim chego sempre,
a mudança sou que vejo em seu olhar,
todo de ternura, e tão resplandescente.
naeno:apanhado

quinta-feira, setembro 28, 2006
















DOR

Sabes amor, de uma dor,
Que não passa nunca,
Sabes o que é suportá-la
Por todo o mundo.
Essa dor que carrega meu peito,
Pra fora de mim,
Essa dor que de tão doída,
Vai me alterar, enfim,
Essa dor que não tem paciência;
De noite ela arde, e quando ela vem,
Chega como açoite, um tormento,
Tão desnecessário.
Essa dor tem um nome,
Mas eu não gosto de pronunciá-lo.

Essa dor é a mesma que Cristo sentiu,
No seu maior dilema:
Em ser homem e morrer,
E ser Deus, e livrar-se facilmente.
Essa dor provocada, instigada,
Por teu amor, uma quimera,
Deserjo, tu nunca sentisses,
Sequer em sua metade, fera.
Essa dor, uma dor, mortal,
Nunca tive, na vida, motivo,
Nem por castigo, se sofrer igual

naeno:280906
















NAENO

Ha corações
que brilham eternamente,
nos rumos claros
que o sol sempre deixou.
O meu coração vagueia,
no escuro da noite,
e na sombra do medo.










VIDA

A vida é o dia de hoje, a começar de outrora,
a vida são os ais, que se empalam em silêncio,
a vida é nuvem promissora, que se evapora,
a vida é fronde de uma árvore em decadência.
A vida é um sono leve, que não deixa sonhar.
A vida é neve, com o sol incindindo sobre ela,
A vida é mais leve de todas as penas,
é a mais imobilizane de todas as algemas,
a vida, por mais enganosa, que pareça é,
curta como a estratégia de um falcão,
dura como pedra ancestral, natural,
frágil, como folha desgarrada do caule,
fácil de ser apanhada, como colher algodão.
naeno:apanhados





















MULHER

Uma mulher exposta ao sol,
é de uma explícita beleza.
Uma mulher envolta do vento,
é de uma extrema leveza.
Uma mulher retornando do banho,
é como o passar de uma nuvem
branca, certa promessa de chuva.
Uma mulher, qualquer, qualquer,
todas têm o atributo, de serem leves,
serenas, aconchegantes como a neve.
A boca de uma mulher tem o poder
de aplacar o ardor de nossas almas,
de nos alimentar do seu sêmem,
saliva, água de nascente, que alivia,
nossa sede e tudo o que nos abrasa.

Uma mulher indo para o seu leito,
é um ritual de uma natureza celestial,
pôe-se a acomodar nos lugares,
as roupas que tirara, passar da conta,
olhar, sorrir, apagar, reluzir, dormir
.
naeno:apanhado



OFEREÇO

Meu Senhor, eu te ofereço,
a tempo, eu agradeço,
o teu apoio, a mão.
No altar, a oblação,
o vinho posto, o pão,
prá nos alimentar.

Meu sehor, eu te ofereço,
meu tempo no começo,
o que eu tenho prá sonhar,
esta flor, a minha vida,
botão fechado, ainda,
que vai desabrochar.

Meu Senhor, é pouco,
o que eu ofereço é pouco,
nas é de coração.

Na luta de transformar o mundo,
na paz vê-lo profundo,
a se modificar,
eu, que sou o teu projeto,
quero ser um objeto,
dessa transformação.

Quero ser, na tua messe,
a planta que fornece,
o bom fruto prá tirar,
quero ser o operário,
o arado que prepara,
o campo novo prá plantar.

Meu Senhor, é pouco,
o que eu ofereço é pouco,
mas é de coração.
naeno:94 - do CD entre nós





ÂNIMO

O que é que faz do homem,
desde os princípios,
dos outros animais diferente,
agir com a estupidez,
de uma leoa no cio?

Respondo, sem
ressentimentos:
- A moleza da carne;
e a dureza dos sentimentos.
naeno:280906














CONCLUSÃO

Um dia olhei pro alto
e vi nuvens espessas,
lentamente, passando.
E, por um momento pensei,
estar vendo o céu andando.
naeno:280906

















VIDA

A vida é um empurrão,
de um dínamo, rotativo,
um dilema de ir e vir,
um nome que deram,
a lida de se acordar,
dormir. Avida é muito,
maior do que ansiamos.
Um impulsonamento,
que o vento faz, levar.
A vida é, os olhos,
quando ainda vêm,
a boca, quando abocanha,
o braço quando enlaça,
as pernas quando se movem,
as entranhas desconhecidas.
A vida é uma enrada brusca
e é, também uma saída.
A vida não é o encanto,
dos olhos, nem o pranto;
nem o amor, nem o desejo;
nem é a vida o ensejo,
das boas coisas que hão.
A vida é mecanicamene,
um motor turbulento,
a vida é só momento,
a vida se encerra, parada.


A vida não possui sentido,
o amor, outros sentimentos,
presságios, comedimentos,
dons, dissabores, odores,
proféticas palavras,
culpa, conquistas, nalogros,
a vida não é esse todo,
a vida é um impulsionar.
naeno:apanhados










AQUARELA

Quem coloriu as flores,
da forma que bem quis,
que provocam amores,
até pelo nariz.

Quem dispunha tanto,
de odores e matises,
que nos causa prantos,
até pelas raizes.

Quem por seu olhar,
vislumbrou, tão belas,
e se deu a amar,

Completamente era,
de um amor profundo,
de uma quimera.
naeno:280906













CANTIGUINHA

É inevitável,
que da noite
venha o dia,
que do dia,
venha a noite.
É inevitável.

Que da galinha
surja o ovo,
do ovo surja a galinha.

Êta cantiguinha!



DESFORMA

Nesta vida o que mais fis
foram tentativas de fazer.
fazer do teu amor um aconchego,
fazer meu coração calar-se ao medo,
fazer meus filhos - o que consegui -
faser deles pessoas que o mundo anime.
Fazer das dores preces, alcancei.
Fazer de mim pessoa, justificável,
fazer da desventura e da amargura,
algo semelhante a uma rapadura,
doce em seu sabor, alimento em seu invento.
Fazer da vida amarga, um doce,
fazer do tempo urgente, paciência,
fazer das noites trôpegas, um sono bom,
fazer do teu amor o meu destino errante,
fazer de ti amada, consciente disto:
Eu nunca forjaria um amor, inexistente,
Eu nunca beijaria uma boca, sem ter carência,
Eu nunca saberia dizer, daquilo que não sei.
Ficas também repleta da certeza, certa,
a minha vida toda eu te amei,
se só lá para os vinte e poucos anos,
vim a conhecer-te, ate alí, sem ver-te
eu já te amava no meu modo, amei.
naeno:280906








SE AMASSE

Essa mulher que se joga, ardendo
e lúbrica nos meus braços, cálida,
tira de minha boca beijos, palavras,
músicas, em tons que canto diferente.

Essa mulher flor serrana, açucena,
que julga-me tímido e ri do meu rosto,
essa mulher, em si, carrega um gosto,
gosto de manga madura, cor de verbena.

Essa que a cada amor desanda, em choro,
talvez veja em mim, inseguros gestos,
porém se desgrudada desse pensar tolo,

Me amasse mais e, assim, me ensinasse,
coisas que eu não sei, por toda essa idade,
não se ressentiria, e assim não pensasse.
naeno:280906










ATÉ QUEM SABE

Nunca te esqueças, que contigo,
todos os dias passados foram bons,
nenhuma mágoa, dor, levo comigo,
apenas encantos levo, comigo, o tom,

De teus olhos inesquececíveis, pretos,
de tua boca, a mais deliciosa umidez,
levo de ti, os incontestáveis desejos,
e ainda repleto, levo, gestos de timidez.

Carregarei, vida afora, sem esquecer,
os beijos, as marcas, os arranhões na pele,
e muita, muita vontade, de repetir, querer.

Impregnado vou, de ternas lembranças,
das noites frias em que fui cobertor,
para os teus desejos, e a tua desconfiança
.
naeno:280906

quarta-feira, setembro 27, 2006















PELAS TABELAS

São quatro horas da matina,
E pra mim inda é noite,
Nem sei por que vi o tempo,
E me entrego de afoito,
Pra primeira morena,
Que passa e eu seguro,
Eu não danço, me arrasto,
E me sento à Mesa
De bar, é conversa demais.
Pra se discutir,
De futebol, de mulher,
Rola cachaça pura,
E ninguém quer dormir
E quando a gente se toca,
Está na dependura,
Então a gente se vira pra outra,
Morena, que saiba de tudo,
Inclusive se gosta,
Ninguém sambalanceia,
Como elas, mesa posta,
E quando com uma delas
Eu me desgoverno,
Tropeço nas pernas,
E caio pelo Chão,
Que lugar de quem bebe,
E não avalia o tanto,
E eu que não largo do copo,
To com ele na mão,
E se alguém de metido
Disser: dá uma trégua,
Despeço-me dele e vou
Pra janela, pensei agora,
Deve de estar me esperando
De barba e bigode,
Pois hoje não sou páreo prá ela,
Nem lhe olho nos olhos,
Vou logo pro quarto,
De horas que espero
Uma condução
Foi só por isso meu bem,
Que cheguei e nem sei como,
Quando foi pra eu subir,
Tinham damas na frente,
E eu cedi minha vez, porque Ja
Eram quatro horas da matina..
naeno:270906













MEDO DE AMAR

Medo de amar
é medo de se entregar,
sem nenhum rodeio
ter a vida alheia,
em suas prórpias mãos.
Medo de amar,
não é timidez qualquer,
quanta gente quer,
e não avalia,
por que não viu
quão bom é o amor.
Medo de amar,
é o mesmo de conhecer-se,
pois quando a gente ama,
deixa de existir os dois,
o que vale agora é o um.
Medo de amar,
é medo de são ser capaz,
de um desafio duro,
que é ser tão maduro,
quanto uma fruta
em tempo de se comer.
Medo de amar,
é, se ter, de haver dilemas,
de não sair na tangente,
nem ver se sente,
desejo de parar.

naeno:270906












SONETO

Quantas estradas não andamos juntos
Contigo meu amor minha companhia
E nosso encontro, provocado, o amor
Foi entre todos, só de amar e assuntos.

Casas e filhos, compromissos diários,
Soubemos, como poucos compartilhar,
De cada dia lembro-me, em saudade,
Se fosse possível não faria o contrário.

Dava-me em tuas mãos, por querer,
Como quis outrora, e sempre, sempre,
Lua da minha vida,de não escurecer ,

Os segundos, os minutos, as horas e
Os dias, da minha vida inteira. Amor
Dos mais sentidos vivos, que já vivi.

naeno:270906







MEU MENINO

Com quem parece o menino,
com ele próprio parece,
com o amor do pai, da mãe,
com a flor que o pai deu a ela.

Com quem parece o menino,
com a própria vida que trouxe,
aos olhos do pai e da mãe,
com própria vida que o trouxe.

Olhando pro meu menino,
é como posso enxergar-me,
notando em mim cada parte.

A parte de mim oculta,
a parte de mim, que eu sei,
e mais, agora, outra parte.
naeno:151084

















NÃO TOQUES

Não toques, nem em displiscência, no meu violão,
com os seus dedos de seda, a ponta da língua,
antes tocar no que dói, até tocar no meu peito,
que pouco mais valorizo, e em nada me anima.

Meu violão, é um escudo, contra meus rancores,
e através dele me guardo, dos falsos amores,
dos que nunca trazem prá gente o riso, so dores,
E com ele no meu colo, ele é quem é o protedor.

Não toques no meu violão, nem que seja na alça,
é preferível que toques, no fundo de minha alma,
ele não é acostumado,com essas da vida, falsas,
e bem diferente de ti, ele me toca e me acalma.

Não toques no meu violão nem com sentimento,
pois tudo tão pouco dura emti, vira esquecimento,
por isso te peço, num acesso de enorme emoção,
não toques, nem com tua alma, no meu violão.
naeno:270906





CHORORÔ

Eu quero, meu amigo,
hoje a tua companhia,
quero chorar, quero tocar,
nas cordas do meu violão.

Quero tocar na minha alma,
por um choro, bem tocado,
estás como cavaco na mão?
E eu recomeço, de onde,
haviamos parado, por afinar,
as cordas, já repuxadas.

Como estão denro de mim
doendo agora, de oyra saudade,
por pura maldade,
Ela foi embora.

Nunca se chora bonito,
desacompanhado, e há,
sempre a carência
de outro chorão.
E agora vamos,
começar o chororô,
que ela não sabia o tanto
que me inspirou,
me fustigou.
Porque também,
maldades fez , ao meu amor.
naeno:270906














VASCULHO

Tirei o dia prá fazer tudo,
tirei do dia, quase nada,
alguns dos meus intentos, pude,
mas arranquei a tua saudade.
Tirei o dia prá fora,
e em exposição, ao sol,
saiba, não quero, verdades.
Quão malogrado tempo,
continuo repleto, só.

naeno:0906



NÃO SE MORRE

Não sei por que te angustias,
não há morte em ausentar-se.
A morte prenunciada,
é quando por si faz-se nada.
E se morre:
Do amor.,
de amar.
De dores,
delisusoes,
de chorar.
Então porque, te desesperas,
não terás mais a espera,
e nem morrerás.
Enfim, tu vais te ausentar.
naeno:2709069





GRITO

Pus-me a chorar de tristeza,
ninguém, prá me consolar,
e o consolo em minha certeza,
é um carinho, um beijar.
Um beijo, que se retrate,
em beijo de reconforto,
não precisamente o beijo,
aquele que se dá na boca.
Pus-ne a gritar em dezespero,
e ninguém, ninguém, ouviu nada,
e no meu desconforto, desprezo,
pus-me a falar prá mim mesmo,
quão errado todos pensam.
Pensam que nunca terão motivos,
de como eu agora, chorar a ermo,
acham que este tempo, será assim,
vida afora. Eu me desesperando,
e eles, a maioria, inabalados.
Quando me pus em choro, corria,
dentro de mim tantas verdades,
verdade de que sou nada, e sou,
verdade de que tudo passa, passou.
naeno:270906














CANÇÃO

Não tomes nunca de mim,
as lembranças que deixastes,
nunca me deixes sem elas
foram só as sobras, enfim.

As ilusões que tenho guardadas,
Não leves nunca de mim,
delas sou eu, um relicário,
se levá-las me tens quebrado.

as rosas no vaso, murchadas
Não as leve, não serem a nada,
ai já estão, mortas, acostumadas,
se levares o vaso será inválido.

Não tires de mim, não tires,
o que pusestes em meu peito,
estas saudades contidas, o jeito,
o único jeito, de ainda te sentir
.
naeno:0906











DESCOMPENSA

O homem que carrega uma caixa,
passa pelas ruas desapercebido,
arma nos esteios das casas ruidas,
rede suja e deita, e dorme sem nada.

Amanhecendo já ele se levanta, e sai,
pelos caminnhos de ontem, repedidos,
e de novo volta, de sonhos, depido,
e até quando o homem, sua vida vai.

Pobre, medigo, que teve essa sina,
pois foi um acaso bem podieis ser eu,
mas que do enfado, que a vida lhe deu,
não lhe deu um teto, comida, destino.

Pena do homem, pura experiência,
que sobre si recaíram todo pecado,
o que aos outros, que o lham, calados,
sempre fizeram danos, indescências.

E o que quer Deus, com tal expiarório,
enquanto um implora pelo nome Dele,
outros têm, guardam e não são reles,
terá ainda, prá pedir diante um oratório.

Deus deve ter para o mendigo, errante,
além das glórias que receberá no céu,
algo que coma, tirado do que é seu,
algo que gaste, que sobre, que esbanje?

naeno:0906





TOMARA

Será que vai chover,
O tempo diz que não,
Mas como ficarão,
As sementes plantadas,
Já estariam mortas antes.
Porque foram enterradas,
Na esperança cansada,
De ressuscitar do chão.

Eu rezo pra que chova,
Uma chuva bem farta,
Pois pra pingar, já tenho,
Os meus olhos, incensos,
Mas que o solo não racha.

Se não chover meu Deus,
O que será de Vós, tão procurado,
O cruzeiro dos lamentos,
Sumirá sobre os cinzentos,
Das velas fumegantes,
Das pedras, dos incautos.

É bom fazer, e que chova pão,
Deus dos pensamentos,
Porque, se viverá feliz,
Um ano é sempre espera,
E de esperar, feliz,
Meu Deus, não espere não.
naeno;270906
















BELEZA

Das belezas com que a natureza,
Abençoadamente ornamentou o mundo,
A graça das flores é a de maior nobreza
È uma dádiva, de aroma cobrindo a mesa,
Mais bonita e notável que os astros do céu.
Mais frágil, mais meiga, mais cálida,
Que uma deusa fulgurante em seu corcel.
É por natureza, ela a única criatura válida.

Olhem pras rosas, suas nuances multicores.
Sintam o abandono, quando se dão: Amor,
É o que simbolizam tais criaturas, colores,
E se sente delas a doce candura, flor, e flor.
Flores aos nomes, dália, rosa, paroara,
Os malmequeres, a flor mística, Maria,
Hortênsias, cravos, crisântemos, iara,
Todas, todas, flores, flores, belas raras.

Sintam no cheiro do cravo e da rosa,
Bem aguçado o sentido do olfato,
E depois erradamente, irão dizer,
Não sei, não sei, da mais cheirosa.
Lutas inglórias, mortos, estilhaços,
Valer-se-ão da rosa, não de cobertor,
Como adorno na morte, também na vida,
Se abandonam em Deus, levando flores.
naeno:270906















CIGANINHA

Uma menina leu a minha mão,
E me disse com os olhos de lua,
Serás feliz, te contentarás, ou não,
E, no que falou a menina, foi crua.

Cética em seus pressentimentos,
Frágil nas previsões, errôneas,
E isso me fez sofrer, em momentos.
E nas noites que não dormi insone.

Balbuciava em meus ouvidos,
A menina e seus devaneios tolos,
Mas que a mim choravam os idos.
Amores, que não tive a vida toda.

Não bastassem as previsões incertas,
Outras danosas se lançaram a mim,
Como ter de sonhar com amores perto,
E acordar, ardendo, e a pena, do sim.
naeno:0906














ANDAI

Cruzai o tempo em velocidade,
Como quem vai só de um afugento,
Que aos olhos de todos, se sabe,
Não mais te esconde o sofrimento.

Andai, com a calma dos dias,
De onde pretenso, guardavas,
Rente aos olhos, a calma fria,
E levas junto contigo, tua alma fugidia.

Levai os sonhos, desfeitos,
E te reténs em algum lugar,
E começas, por consertá-los.
Que deles, refeitos, precisarás.

Não esquece o pó da areia,
Que em tua pelo grudou-se,
Faz como o que predisse Cristo,
Quem não te merece, livra-te
naeno:0906














ESCUTA

Escuta o mar que chora,
Na solidão.
Escuta amor, o mar que pranteia,
De eterna solidão
E vê amor o barulho que vem
Murmúrios não sei de quem,
Pode ser soluços de choro,
Que o mar ardendo, não contem.

Escuta amor, do silencio noite,
As árvores que se recurvam ao vento,
Ouve o arrulho dos galhos novos,
Acima da copa, se vão a açoite.

Permite amor, que um ser carente,
Como o mar, pranteando, ao vento,
No teu corpo se debruce de amor,
E se despeje, em prantos, dor.

naeno:0906




















SAUDE

Ando acometido de boa saúde,
De uma vontade louca, por ser amado,
Uns achaques de amor voluntário,
Um desejo de amores, amiúde.

Ando sem graça, e me ressentindo,
Da dor que causa o perfeito estado,
Um sentimento de graça, desenfado,
Capaz de beber, tomar, o extingue,

A falta de iniciativa minha, em buscar,
O desencômodo do amor, eterno bem,
Ando assentado em mim, e o que vem,
De inofensivo ao meu estado, algum luar.

Ando triste desse vigor, imutável,
Dessa crença que primavera está comigo,
Que a beleza das rosas é sustentável,
Que é o que me restam, não ando contigo.

Estou perfeitamente saudável, quero,
O que neste estado é propício a mim,
Um amor sincero, branco, verdadeiro,
Que me desmanche, e me adoeça.

Ando tão completo que desejo a sorte,
De um amor que venha me desmantele,
Quero adoecer, pela beleza dela,

Quero ficar de cama, e meu amor, por sorte.
naeno:0906

TERESINA

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