quarta-feira, setembro 26, 2007

DESCOMPENSA

Pena que de tudo ruim
Muito pouco evapora,
E resta-me a auto-proteção
De tapar os poros,
Inutilizar as mãos.
E o bom, o que a gente ver
E se apetece.
O peito o coração,
Sempre estarão direitos,
Infringindo a contra-mão.
Alguém me assustou dizendo,
Algo terrível aos meus ouvidos,
E tudo que é belo é sentido,
Débeis para uma investida.
Capazes de nos deixarem
Famintos com o coração e o peito a roer.
E sem olhar que tudo ruim,
O opróbrio, o indesejado ser
Que nunca se evapora,
Ficamos sós pra nos defendermos.
Ai os bons dias voláteis,
Vão lá, no cosmo encantando,
Cantando, a canção de esquecer,
Esquecendo, o bem de fazer
E fazendo, quem o amava, sofrer.

sexta-feira, setembro 21, 2007

ESTRADA

Esta estrada onde eu já passo por muito tempo
É nela que eu andarei, sem que ela finde.
Nela eu não mais me assusto
Tudo conheço, de quase tudo dela eu sei.
De vez em quando me e
spanto
Mas até frente do espelho me assusto,
Mas quando abro os olhos,
Porque as vezes insisto
Em não parar e não dormir,
Vejo a mesma companhia, e sou sempre eu.
E os meus pés não se enganam ao pisar,
No leito desta estrada, onde tanto deixei,
Por ela eu sigo, e não voltarei.
O que deixei cair, ficarão lá onde estão
E se larguei, jhá não me interessam mais.
Voltar não se justifica,
Porque o que eu já andei, deixei, não olhei,
E andei sabendo que à frente é onde estão
Meus encontros assinalados, inevitáveis,
O que juntarei.
Não sou de juntar.
O que pegarei pra fazer o que for
Pra me espantar, de surpresa
Para eu andar com clareza
E tudo, amando, pegando,
Tudo um dia deixarei nesta estrada.

quinta-feira, setembro 20, 2007

A LUA

Quando ela passa tão suavemente,
Enche de amor os olhos da gente
Quando ela vai, quando ela vem
Clareia tudo e a gente sente.

Linda, como se fala ainda,
Dela que todos chamam de bela
Dona dos sonhos dos poetas,
Desvia o barco da procela.

Quando ela falta, a gente fica
Sentindo o mundo tão vazio
Claro que a luz é mais bonita
Claro clarão pelo infinito.

Bela lhe chamam e dela se liga
Tela de Deus, a mais bonita
Claro clarão de amor, se diga
Ela é tudo que luz se fixa.

Quando ela chega tão levemente
Treme de amor o coração dentro
Quando ela parte tão vagamente
Deixa molhados os olhos, e se sente.

Quem disse que a lua é feia
Palavras do céu lhe faltam
Quem disse que ela não faz falta
Se arrisca... os poetas até enfartam.

quarta-feira, setembro 19, 2007

TEU NOME

Nos meus papéis importantes
Nos lastros planos das árvores
Na minha carteira de trabalho
No bolso da minha camisa
Eu escrevo teu nome.

Nas nuvens claras do céu
Na areia quando a maré alisa
No coração de papel
No balão que solto ao léu
Eu deixo escrito o teu nome.

Nas paredes em ruína
No casarões tombados
No cimento ainda molhado
Na meia na parte que se vê
Eu deixo o teu nome escrito.

Nos pés dos altares
Nas toalhas que sobram ao chão
Nos dias claros de verão
No meu casaco de inverno
Eu já escrevi o teu nome.

Tatuado no meu braço
Que se expõe quando a camisa arregaço
Nos meus dias de cansaço
Nos embrulhos que carrego
Está impresso o teu nome.

É como marcar-te minha
E em tudo que vejo e se aninha
O meu olhar de emoção
De ter-te comigo aonde eu vá
Te afundas em meu coração.

terça-feira, setembro 11, 2007

ACALANTO

Muito antes de eu nascer já me acordavas com cuidados
Um anjo me designastes, antes de minha mãe pegar-me.
Ele me segurava quando eu corria rumo ao despenhadeiro
Ou quando me declinava sobre o precicípio.
Me embalava com canções compostas aí,
Serestas e acalantos, dormia ouvindo-os
Para aplacar minhas investidas nos caminhos da cruz.
De noite eu sentia cada passagem do Arcanjo
Sob minha rede armada no entrar do quarto,
E se ausentar nas estradas altas par o céu.
Após e tardiamente, uma mulher deitou-se do meu lado
Tinha uma forma de anjo fêmea,
E na minha vida, já se diminuíam os cuidados do tempo.

Se não for do puro atrevimento, manda-me o teu anjo
Para que cuide de minhas feridas expostas,
Para que resfrie a minha boca:
Há momentos em que mesmo a vontade não me convence
É necessário que eu te veja inteiro, rente aos meus olhos
É preciso que eu me veja em ti
E que encare os sofrimentos como um sol claro
A tua luz subindo e descendo sobre minha vida.

Manda o teu anjo que com ele eu aprendi a falar
De coisas que por aqui, nas divagações de mim,
Não mais sei contar a ninguém
Nem mesmo à mulher que dorme comigo
Nem mesmo o homem que soube ser meu pai.
Não és tu meu pai, que já flutua, que já é anjo
Meu pai, de verdadeira saudade lá bem de dentro de mim.
Manda-me essas pessoas todas
Para fazerem um coro, para eu poder dormir.

segunda-feira, setembro 03, 2007

CONFRARIA

Ninguém pode querer a vida
Que a si sugere.
Ninguém mais pode está só.
Os enigmas são revelados
À luz de todos os sóis.
Eu estou envolto de algo
Quem em mim se agita
Vou persistir em elevar as mãos
Aos bondes que ainda passam.
Engulo, por um amor, uma rosa
Que dentro de mim explodiu.
Só tive paz e segurança plena
Imerso no ventre de minha mãe.

Um esteio que vejo existir
Desde o princípio do meu tempo
Não me respirar do ar
Que não seja rarefeito.
Sou sempre tristonho dentro do escuro.

Adios sol calliente del tiempo escuso
Que não tens aos inocentes
Nada reservado em teus planejamentos
O só, o pobre, o nada, o nu.
Não vejo homens de boa vontade
Em parque alguma que freqüente
Os meus sonhos, eu, presente,
Sumindo, serei livre, amem.

TERESINA

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