quarta-feira, junho 03, 2009

APOCALIPSE DE FOGO E ÁGUA

Deixei o fogo aceso no fogão
Derreteu-se todo o gelo que havia na geladeira,
Compôs-se um riacho, descendo a soleira
E formou-se embaixo o seu rio.
E os peixes que estavam na frigideira
Ressuscitaram com o domínio das águas,
Que naquela hora materializava o começo
De outro mundo, com mais densidade.
A minha casa declinou-se, pra que eu voltasse
A ter espaço, e continuasse no meu jantar
Tão arrastado.
Eu fui pescar novamente, e o rio era perto
Os peixes conhecidos, comiam na minha mão
E eu com o desejo pirado de comê-los também.

Deixei a torneira aberta enchendo um balde.
E se rompeu a pia de água, a apagou o fogo
E criou-se um regato que tomou um leito,
Caminho da porta da rua,
E lá nas valetas, já os meninos esperavam
A passagem do rio, um rio fundo,
Denso nos seus burburinhos,
E o mundo encheu-se dessa bica,
E eu impulsionador da idéia desse mal-estar,
Um bem-estar em minha alma se deu,
E tudo foi o que anteviu Deus!...
O mundo continuaria em fogo e água.
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naeno*com reservas de domínio

sábado, maio 09, 2009

O BEIJA FLOR

O beija-flor beija a flor
E pensa que só ele a beija
Eu mesmo em ver uma rosa
Fico com a boca um desejo.
E em quantas delas cheguei primeiro,
E deixei-as molhadinhas.
O beija-flor pensa nas flores
Como se Deus a ele todas deu.
E elas já são de tantos
Que desejam os beijos seus.
A rosa é que a todos beija,
O beija-flor poderá ser o primeiro.
Mas não a urtigão-se em cheiro,
Em amor que a boca arpeja.
Cantos da boca, ponta dos lábios,
Rosas tão roxas, flores encarnadas.
A boca ainda não distingue,
De que parte o gosto é estampado,
E o beija-flor de longe sente,
Se aquela flor já foi beijada.
E existem outros beijadores,
Como abelha, tisiu, vim-vim banana,
Mas o beija-flor se troca
Pensando que algum engana.
E acha que toda flor
Foi feita só para o seu bico.
Deixa de prosa, tico-tico.
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naeno*com reservas de direito

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

MATULÃO

Vivo das lembranças
De levantar do chão meus pés andarilhos.
Nessas investidas, quase muito eu vi.
A florada no seu tempo certo,
E escutei com displicência o argumento dos homens
Duvidosos das chuvas, de língua seca.
Morro das lembranças:
De apanhar do chão
Meu matulão cansado da estrada.
E eu um homem desertificado
Rezado, benzido pelas sombras boas.
Cacho de alecrim, para espantar mutuca,
Deixando um cheirinho
Que a elas logo assusta.
E de noitinha ouvir a sinfonia mais desencontrada
Da saparia regida do maestro ensaboado.
Araras no topo jogando migalhas
Que até eu, com a fome, que chega às mesmas horas,
Peguei e comi lembranças do chão.
Adoeço só de ver as estradas encobertas
E um céu descoberto, sem uma nuvem que se pise.
Quanto mais me disto desses lugares meus.
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naeno* com reservas de domínio

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

MÁRIO QUINTANA

Escrevo olhando para o céu,
O papel é da mesma cor azul,
Verde, a caneta, da esperança escrita.
E também desenho um pássaro ao léu.

Estou curioso por ver a paisagem enfeite
Misturo tons que me arregalam a visão,
Buscando sempre as mesmas descobertas,
O céu, é inútil querer dar-lhe outros efeitos.

Brinco com a luz incidente na folhagem,
Que pinto e bordo, da cor e do cortado,
E que propunha, a poesia, enfeita-se
Desses desmandos de nova linhagem.

Ando volátil como o ar rompido,
Que acolho e beijo em minhas mãos aos poucos
E me permito voar com ele aos pedacinhos
Aí nessa folha como tenho sido.

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naeno*com reservas de domínio

TERESINA

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