MULHER Mulher, por que havias de ser, um ser tão diferente, de olhos relusentes, e estrelas no olhar. Mulher, por que havias de amar, amar, tão profundo, amar, tão imprudente, És o ser só amor És emplastro pra dor, És a estrela e a flor És o que pouco sou. Mulher, o que mesmo és, Tu és o revés, da hipocrisia, Tudo em ti rodeia, E na lua cheia, Te vejo só mulher. Meu amor nunca conta, Ele me desaponta, Por ser fácil de amar, Uma figura plena, De uma sombra amena, De vistas serenas, Que eu adoro olhar. Mulher, Colher, Que levo até à boca, Mulher, Colher, Da minha messe toda. naeno:310806 |
quinta-feira, agosto 31, 2006
CRUEL
Todo mundo tem um segredo guardado,
quadros de um filme que não foi revelado,
só prá negar a gente, o que se sente,
só prá manter-se débil, indiferente.
Todo mundo tem no peito uma dor,
isso aí que é a verdade, meu amor,
não vamos retirar panos do cesto,
não vamos que começa o chororô.
Eu devo estar sempre entreaberto, um porta,
para passares qundo fores, e na volta
eu teho tudo que feio, exposto em mim,
e sabes porque? Porque sou mesmo assim.
Tu deves ser radicalísssima, meu bem,
li nas cartas, que pessoas do eu signo tem,
catarata nos dois olhos, e o lhes consola,
é o que a estatística revela, meu amor: muitos também.
naeno:arquivo:01
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naeno:apanhados:04
Á TOA Sob o teu domínio, a vida me magoa; e tu te aparentas numa alegria, à toa. O tempo muda, era calmo, agora ventania, por que te recusas, admitir que és boa. Porque tu espezinha a minha vida parca, se o sentimento teu, conheço vaga, orbitando em mim cheio de loucuras, saudades, carências, mas tão abstratas. E o que farias se de dor morresse, e se entorpecesse, meu coração doído, seria o que terias prá falar, diante do que tu mais queres, que hoje já é ido. Por acaso tuas lembranças, cheias, te agoniassem e tu balbuciarias, meu nome dentro deste fogarel, ai, que teu nome eu tanto chamaria. |
naeno:apanhados:02
naeno:apanhados:02 |
quarta-feira, agosto 30, 2006
PRINCESA
Se fosse preciso, daria-te-ia uma estrela,
que a buscaria lá no firmamento,
mesmo sem ter asas, e nem ser um santo
como os que estão lá neste momento.
Se tu desejasses, daria-te-ia toda realeza,
e te envolveria de toda a nobreza,
te ornamentaria, como ninguém faria,
e serias chamada: a mais bela princesa.
Mas se nada disso quisesses de mim,
te daria uma coisa, a mais facil que tem,
que em todo lugar, passam vão e vem,
faria contigo um lindo nenem.
E se ele acordasse na madrugada fria,
dava o seio a ele, mas não de acordaria,
trocava suas fraldas, lhe dava leite,
eu o qietava, e não te incomodaria.naeno06
AMOR
O que é o amor;
se não, uma espécie de dor,
que qundo ela passa dói,
que quando é sangrada abranda.
O que é o amor;
se não uma espécie de pranto,
que qundo soluça, acalma,
que quando se estanca, rói.
O que é o amor;
se não uma espécie de pena,
que quando mais larga, amena,
e quando é relevada, tranca-nos.
O que é o amor;
se não um grande pileque,
o tempo que dura é bom,
e que quando passa é ressaca.
O que é o amor;
se não uma cachoeira,
que quando é inverno é linda,
e quando é verão, é seca.
naeno06
VEM
Ha muito tempo eu estou querendo um beijo seu,
mas diferente de tudo que você me deu,
eu quero um beijo molhado,
vendo o seu rosto de cima,
voltar suado lá do escuro da mina.
Faz muito tempo e estou querendo um abraço seu,
bem diferente de todos que você me deu,
eu quero um abraço de coxa,
apertado, meu quadril,
correr nos campos, trazer flores de abril.
Ô menina, por que não ouves o teu cantador,
ai, morena, eu ando louco pelo teu amor,
Vem menina, mas vem sem pena, nem depiedade.
traz esse seu corpo e vem fazer comigo,
o movimento louco da felicidade.
naeno:06
PASTORES DE DEUS
Três menininhos,
tão diferentes,
Viram Maria,
Eram videntes.
Os partorzinhos,
Pastoreavam,
O pasto crescia,
Por onde pisavam,
Dois eram irmãos,
Uma era prima,
Mas todos eram,
Predestinados,
Tão diferentes,
Todos tementes,
A Deus e aos pais.
Sei que eles iam
Não por vontade,
Pois menino gosta
É só de brimcar.
Brincar nas folgas,
Nem ir a escola,
Disso eles gostam.
Mas quando olharam,
Para uma árvore,
Que tantas vezes,
Já tinham olhado,
Viram Maria,
A Mãe de Deus,
Pairando, entre,
O céu e eles.
Mas só, um deles,
Com Ela falou,
A pequena Lùcia,
Que se segredou,
Com a confiança,
Que a Virgem teve,
Lúcia guardou
Os seus segredos
Hoje, Jacinto,
Um dos meninos,
Tornou-se um anjo,
Tão bonitinho.
Também Maria,
Já se encantou,
E em santa pura,
Se transformou.
Só ficou Lúcia,
Com os segredos,
Que a Virgem falou,
E a ninguém conta,
Porque não existe,
Quem cale e quiete,
Ninguém resiste.
naeno: 06
FÁTIMA Viram os meninos pastores, do céu uma luz, descer e pairar sobre a terra. E dentro, em seus corações, sentiram a invasão da fé e de tantos segredos. E como a mndo de Deus, caíram no chão de joelhos. Fátima, Fátima, a Mãe do Senhor entre os homens. E eis o que a Virgem falou, Sou Eu, a Senhora, que leva o rosário da fé. E a qualquer descaminho, as contas serão maneiras de se conduzir. Como uma mãe fala a um filho, pediu que assim, nos guiasse. Fátima, Fátima A Mãe do Senhor entre os homens. naeno:01 |
CALAMIDDE Venham, quem for morador da terra, fugitivos da mesma guera, venham conter a loucura. Venham, os que querem espaço no mundo, na paz vê-lo tão profundo, venham conter o desastre. Venham, quem faz aqui moradia, se for já noite, ou se for dia, venham reter o absurdo, Venham, quem for vivente das matas, ajudem-nos às patadas, manter este mal vivente. Venham as águas, em pororoca, amor a gente se troca, venham guardar o bem. Venham os de outros planetas, aqui reina o capeta, venham juntarse a gente. Contra os arrojos do homem. aqui tá de um jeito tal, que se correr passa mal, e se ficar ele come. naeno:06 |
PRESENTE
Tenho uma estrela na mão
tenho e não posso soltá-la
pois se soltá-la não a vejo
ela fica de mim tão distante,
eu me contento com o brilho
que sai por entre os meus dedos
e eu não queria que alguém,
dela soubesse, não,
não que eu a tenha roubadoi,
eu subiria tão alto
a pegar ela com a mão.
Foi Deus que ela me deu,
de que a Ele eu pedi.
De modo tão inesperado,
primeiro Ele fez chover,
e, depois, escurecer,
para que ninguém notasse,
Ele a estrela tirar,
daí, Ele mesmo desceu,
e a colocou nos meus braços.
ela ainda estava dormindo,
e temendo que ao acordar,
pudesse parao céu voltar,
corri pequei um cordão
e amarrei ela num laço.
Sei, um dia vão descobir,
quando o céu menos luzir,
não iluminar com a mesma luz,
e eu não suportar mentir,
soltarei minha estrelinha,
e direi vai lá para cima,
lá continuas a ser minha.
O certo, que por enquanto,
ela ainda está comigo,
e o brilho dela é só meu,
mas fazendo falta aos homens,
um dia eu abrirei mão
da estrela que Deus me deu.
naeno: escritos juntados:92
VELHO MONGE O rio em minha vida é um marco, Parece só, sentar nas calçadas |
naeno/poemas/juntados:89
QUEBRANTO
Ontem eu andei, consegui,
até sair do meu quarto,
onde me fiz prisioneira,
e fui ao rio, de novo,
no mesmo intento ver o povo,
claro que fui também,
colher lembranças do chão,
frutinhas de caneleiro,
juntei tudo o que podia,
enchi mia saia dobrada,
e mais um bocado na mão,
para não estrar caregadajá na entrada da casa,
lancei fora cada grão,o que sobrava em meu peito,
infortunado amor, eu joguei,
cada gota de saudade,
e deixei lá pelo chão.naeno:97
UM ENCONTRO
Se perde por não saber E quer saber se eu amo, |
naeno:01
terça-feira, agosto 29, 2006
LEVE Passa tempo, vapores, rio, sigam sem olharem no que vejo, aqui comigo fica o desejo, de se ausentar o tempo de estio. Vôem gaivotas leves, se entre todas, um se proponha leve, todos os meus prantos, por mim, derramados, de pura ausência, sem ninguém que enxergue. O sacrifício de tir nessa beira, contemplar o rio, água a vida ineira, ouvi cantares de aves alegres, segue minha sombra, já por derradeira. Tivesse eu asas prá voar, um bico, um canto, soubesse cantar, também seguia nessas aventuras, das criaturas que passam prá lá. Vai meu canto dizer a quem te escute, dessa dor, meu coração carrasco, batedor, meu peito vive ardendo de amor. vai dizer, que eu procuro remédio pra essa dor, que a cura pode ser, outro ingrato amor, que venha galanteando, enganador. naeno:04 |
INSone Alta madrugada, a tarde da noite, e essa estrada vai, descambar aonde, sempre nestas horas, tempo que eu nem sei. É o ocaso da noite, a noite mais turva ainda, e aonde vou, e estrada, vai descambar num rio. Aqui pela cidade, toda madrugaga, aporta num rio, se você for certo, mesmo pelas curvas, numa noite turva você cai num rio. Alta madrugada, as casas abandonadas, protegidos os sonhos, mas que á insones, como eu, agora, querendo estar fora, da casa, de si. Alta lua clara, iluminai a estrada, se não como tantos, vou bater no rio, o rio é estra estrada, sem casas, sem nada, lá não sou eu quem anda, nem poderia, devagar, divagar, na rua, sei, poso, mesmo até sonhar, mas no rio que corta, ele traceja em postas, sonhos, devagar, e nesse molego, de caminho e passo, parece que caço a mim, na madrugada, madrugada alta, que nunca amanhece, talvez com sol, o dia, com a lua a noite, meu coração se esquece. naeno:1991 |
segunda-feira, agosto 28, 2006
dilema
Agora é tarde,
tarde de ir tarde de ficar,
o amor foi rude, cruel no falar,
quando permitiu-me, deduzir assim,
amar, não amar...
estava só espervando pela lua
na estrada da volta,
mas escureceu,
tanto que nem sei,
não amar, amar...
insistente a dúvida,
no convívio todo,
quando eu me dei louco,
de um amor presente.
Hoje o que tu sentes,
é o mesmo dilema,
amar, não amar...
Tua insegurança
constrange-me, fortemente,
e a estrada da ida,
nunca é o mesmo o da volta.
Um se planeja inteiro,
se o tomai, se leva certeza,
No outro quando a gente segue,
se conduz cativo de medo, fraqeza,
Agora é tarde,
prá ir e prá voltar,
quando vim, trouxe a lua,
que agora não vejo brilhar.
E por esse escuro,
por onde vai a dúvida,
é prudente ir...
Não, acho que é ficar...
É concebílivel este dilema
um caso, em que a pena,
foi de ir, depois pensar.
naeno:01
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domingo, agosto 27, 2006
Ê SODADE
Eu venho de onde os pés de ipê,
enchem, no mês de setembro,
o vaão de sertão inteiro, de flores,
de cores, que se alastram
por toda a extensão da mata,
em roxo, brancos, amarelos.
Eu venho de onde a saudade,
deu partida e juntou~se a mim,
e viemos, como intinerantes,
pro meu peito para enfim morar,
na figura de um menino,
bem boliçosa, traquina,
pela viagem e aqui,
deu-me trabalho, a focar.
Eu venho de outras entranhas,
não me comporta, este sol estranho,
eu ainda não tenho o tamanho,
prá tanta tristeza guardar.
Eu sou lá desses lugares,
a eles, todo, pertenço,
e se pudesse voltar, voltaria,
fugir daqui, sou pretenso.
Cadê as palmeiras frondosas,
a oiticica no inverno, cadê,
meu cavalinho de carnabeira,
o galho da imbaúba, de onde o longe eu olhava.
Cadê os tetos dispersos, de palha de babaçu,
o mel que ainda sinto o gosto, de abelha uruçu.
Cadê meu bezerro marcado,
com a primeira letra do meu nome,
menino fui fazendeiro, homem perdi o lume,
do vagalume pontilhando a noite escura,
cadê, na frente da casa, de aroeira a grossa cruz,
que protegia minha gente,
meus imrãos, minha mãe, meu pai,
e gente assim confiava,
que dela até o terreiro, só entrava caminheiro,
que Deus, garantia chegada.
Cadê a panela farta de carne de bode novo,
pudesse eu os teria num cofo,
por que me fazem mais falta,
do que as lembranças que trouxe,
do que as promessas de um dia
poder rever, beijar, rezar,
em cada casa, com o povo.
Pessoas, que cada nome, não esquecei, e conheço,
os apelidos, rostos, rastros, sabia o pé.
Quem desse voltar,
se o tempo assim permitisse,
saia de mala e cuia, inusitado,
voltar lá para o meu começo.
SAUDADE PALAVRA TRISTE,
EM PERFUMADOS LENÇÕIS,
TER SAUDADE É SER PROIBIDO,
DE ESCUTAR TUA VOZ,
E NEM VER O PARAISO,
QUE JÁ REINOU ENTRE NOS.
naeno:120503
OFÍCIO |
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COMPASSO
Compassado tempo,
tão sempre de passos largos,
porque não me deixa agora,
cantar o tempo da flora,
ver mais cedo as minhs aurora,
tu que és ágil, és fatal,
a tudo derrubas agora,
e eu quero ver lá de fora,
falar sem o medo de agora,
com o passar do tempo,
as coisas mudam,
os entes melhoram, pioram,
e para alguém se sarar,
dos infortúnios se livrar,
basta apressar-te um pouco,
mesmo sabedor que sou,
mais cedo nos deixarar.
Com o passar do tempo,
passarão rebanhos de aves para os ninhs,
voltarão mais deles, pelo mesmo caminho,
e quem sabe um dia, tempo de voar,
estarei com eles, sem ir, sem voltar.
naeno:270806
PORTINARI Ontem eu vi um Portinari, e vi luzes existentes, a profundidade do mundo, fiel às cores, realíssimas eu vi crianças tão lindas, possíveis de se ver agora, um céu, que vi, tão real, que as estrelas em cabedal, até piscavam, mexiam-se, a vida que ele retrata, é mesmo um retrato dela, o feitor, tão genial, em alguns momentos parece, Deus com o mesmo desvelo, quando fez o mundo, o modelo, e o artista fez outro igual. Eu vi a alegria intensa, vi a tristeza presente, vi cores de violetas, rosas vivas desabrochando, me perguntando, é possível, que inspiração tão visível, um pintor tão natural, na essência de sua criação, Portinari, é desigual. |
sábado, agosto 26, 2006
FRENTE E VERSO Nos vastos campos de estrelas, o céu que não se permuta, que está acima de mim, do que sei, assim foi sempre, em nada ele muda, sob os apelos dos incomodados, que ninguém sabe, mesmo o que são, Há um indecifrável infinito ermo; planetas, sol, em ciranda, harpas, de anjos boêmios, o que seremos, seres, E cada visão é um Deus, cada sonho, de se chegar, que ainda são invenção; Que Deus é frente, também verso,; a cada sól e estrelas, luzes, cada um é um universo. naeno:270806 |
RESISTÊNCIA
Estou envolto de um aroma; do quê?
será de paroaras se abrindo,
o que a briza quer me dizer?
Que os meus amores inda pulsam,
que estão à procura de mim,
que agora me acenam lembranças,
só prá eu ficar assim,
de saudades, dividido,
entre o tempo e meus amores,
eu já nem sei quem me faz mais falta,
as dálias, rosas abertas,
a quem amei por entrega,
o que quer dizer-me a brisa,
nessas horas tão desertas.
Levanto e inspiro o mundo,
querendo sentir profundo,
distinguir que flor, quem é,
e eu sei se for como o vento,
amores vão de momento,
sem revolverem no tempo,
fica só um pensamento, só.
e o aroma das flores ficam
se o brisa ficar tabém.
Mas issso é puro sonho,
devaneios que levam o vento.
naeno:270806
A SEMENTE
Saibam quem só observa,
e se entretem no que era,
ha de soifrer cruelmente,
a vida é uma semente,
que se muito bem cultivada,
dá a outras vidas forma,
mas ela própria se deforma
prá nos seus frutos mirar-se.
No entato a vida não semente
que a gente lance numa cova,
e a deixe lá sob o orvalho,
e o nosso olhar decadente,
e um dia aquela semente,
prenhe, já para estourar,
a terra se levantará,
e eis-nos quem plantou,
de novo, sem uma marca,
com o rosto feito, alisado,
e o tempo sem ter voltado,
isso é milagre, sem páreo.
Porque o que se viu do Cristo,
foi ele morto, caído,
lançado em túmulo fundo,
E Ele, não homem, Deus,
desafiando os ateus, abjetos,
Surgiu entre os seus desafetos,
sem exibir-se noutro homem,
o homem era o mesmo deus,
o Homem que renasceu.
Não foi posto e cova rasa,
não foi semente, ilusão,
que o homem tão bem queria,
seguir as doutrinas do não,
o sim seria negado, e tudo,
de tudo homem dotado,
até revolver o passado,
como andar na contramão.
naeno:270806
VIVENDO Estou vivendo, confuso, uma vida, que em tudo se iguala à minha nas esperanças, por paz e descência, respeito, amor, e a Deus, obediência. Com os mesmo repetidos, gastos gestos, A vida que tem uma e um coração, comovida. Confunde-me apenas o mundo, a vida eu sei, ela é minha, vejam, eu é que a conheço, a vocês que se interessam, fiquem lá pelo começo, de quando erraram no mundo. Confundiria o usuário, o ônibus que todo dia pega, confundia-se o alcólatra, na ida, o caminho da adega, na volta, bem que certamente, muito álccol desritma e cega. por acaso exitaria a amada, diante do seu amor, aquilo que a gente usa, e que por mais cruel não se abusa, pode-se até em momentos, [ querer, mas não se faz nada. É esta a minha vida, falo porque é minha, é minha, o tempo todo, minha, e quem deu-me ela a mim, ficaria, de extrema tristeza, vivendo, me confirmo dono dela, ela dona de mim é asssim, que eu vou, que vamos até o fim |
naeno:270806 |
SUB
Sou, minha consciência em repúdio ao meu inconsciente,
Sou o que repudia, essa burra obediência,
Do que está vivo, pulsante, sabedor de mim agora,
Submisso ao que não vejo, alucinados desejos,
Que normalmente nem sinto. Sinto o incômodo embate,
Um não fala o outro cala, subservientemente,
Entrega-se como presa, que perdeu uma batalha.
Sou explicitamente contra esse reino encantado,
Que publica decretos loucos, ai de mim não entendo nada,
Sei que os meus olhos são outros, afundam lá para dentro,
Servindo ao senhor de todos, dono dos meus pensamentos.
Um não diz, o outro propõe, guerras e o meu corpo é campo,
De embate sem luz, crepúsculos, o que eu vejo não domina,
Em nenhuma tentativa. Eu entro como mediador,
De quem sou, de quem não sou, e isso vem, uma vez por outra,
A emersão do que é oculto e o naufrágio do que tem luz.
Sou cruelmente um desafeto do homem que se alojou,
Dentro de minhas entranhas, fez campana, desmanchou,
De vem em quando ele manda sinais de maledicência.
E rasga o ventre enlouquecido, gritando morte ao demente,
A quem julga levar vantagem, e eu quero trégua, descência,
Com os dois, pobres coitados, usufruindo do que sou meus,
E eu sou tudo, que até o que está oculto, quer só me faz maltratar
naeno:250806
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naeno:260806
sexta-feira, agosto 25, 2006
CREPÚSCULO
No entardecer da minha terra,
um interior distante,
se ouvia dolentes cantos de cigarras,
o acomodar das galinhas,
as veredas se cruzavam,
as pessoas se cruzavam,
e, por força dos destinos,
todos se diziam boa noite.
O entardecer na minha gleba,
deve ter mudado pouco,
clareada sempre estará,com o resto de luz,
as pessoas se reduziram,
e em diminuido o povo,
as veredas o mato cobre,
pois o que faz esses estreitos,
e o ir e vir de gente.
No entardecer em minha terra,
parecia já alta noite,
todos se recolhem cedo,
prá cedo ver dia novo.
naeno:260806
GINA
Linda, linda, linda,
assim eu te vejo ainda,
que fique o tempo à vontade,
mudando todo dia a idade,
linda, linda, tu serás ainda,
a mesma menina, com a mesma idade.
Lindo os teus olhos que riiem,
muito mais que tua boca,
lindo a tua boca que fala,
tão lindo, até quando rouca.
Linda, linda, te devo muito ainda,
outras palavras, bem menos,
te devo mais ações boas,
te devo, numa promissória,
que um dia tu, ainda linda,
irás dividir comigo,
uma bonita vitória.
naeno:250806
MENINO
Hoje, com essa manhã tão linda, lançando raios pelo meu quarto,
Sugiro-me, penso, tiras do tempo, dessa claridade,
E vês com a profundeza, que exige, já, a tua idade,
O que é mesmo este homem, adentra-te, até o teu parto.
Partes de lá, pequenino, vês o que fizestes, vês se é mesmo sina,
Os lamentos costumeiros, as dores tão traiçoeiras,
Os amores idos, voláteis, as dores tão corriqueiras,
Vês, o que fez a ti o menino, pra ser por todos culpado, do malogrado destino.
Olha, tem um espelho, que pouco usas, num canto,
Sentes, o que já leou de ti o tempo, tanto,
E tu que morres de medo, ironicamente, malvado,
Da morte que é imperdoável, aos justos, e amaldiçoados,
Detem-te em ti mesmo, sem guardar mágoas, segredos,
Diz frontalmente à luz, te expões a esta claridade,
Vês tudo em ti que permite, o teu medo, tua verdade,
Escreve aquilo que ousas chamar, cruelmente, o medo.
Não será o medo das trevas, do diabo de saia curta,
Um medo metido noutro, pra quem paras nem escutas,
Porque nem sempre este medo é o que aparenta, um surto,
Nem a lágrima chorada, de tua quota minguada, não sobrará para teu luto.
Com o radicalismo exigido, será, sobrou ainda, alguma boa?
Por que pelo que chorastes, pelo que tens lamentado,
Parece ter acabado o homem. Resta um menino, não te esqueces é guardado,
Poupa ele dos caminhos tortuosos, que la é só criança, e tem medo de sapo e lagoas.
Aproveita que ainda é manhã, que ainda há raios clareando o quarto,
Deita-se fica esperando, tua mãe repetir a cena, de tê-lo numa tarde linda,
Provoca teu peito adulto, revolta-se em absoluto, com o tão provocado,
Deixa o menino correr, livremente não o empate, dele viver acordado.
Aproveita, conhece o homem, o menino enfim já foi, não de partida, ida,
Ele voltará depois, é sempre assim, já ouvi falar nessa mesma estória,
As brincadeiras de criança, peteca, corrida, roda e bola,
Isso amedronta um homem, mas que vergonha contar, essas coisas descabidas.
Naeno:250806
MEU AMOR
Estrela estás aí há, tempo, quanto
me diz. Te vejo longe, de longe, brilhando,
e há quantos dias te olho, com medo
que tu me ocultes segredos,
do meu amor tão distante.
Estrela, o brilho, que mostras,
é um pingo, perto da lua,
mesmo quando ela míngua>
No entanto, vocês são tantas, iguais,
que o céu dotinho é pintado,
até com o do meu amor.
Não, tenta dizer, minha estrela,
que o meu amor, na clareza,
do teu rosto não se vê.
Eu sou capaz de ir aíar,
subir, ficar pert de ti,
e o meu amor se beijará.
TEMPO SOSSEGO
Prá hoje nada deixei, a fazer,
dei de mim esforços dobrados,
os últimos dias passados,
prá hoje ficar em vão,
estão aqui, já me esperando,
meus convidados, distintos,
as lembranças, livros velhos,
armei na mesa um espelho,
prá me dá conta, todo o hoje,
como estou de resistência,
trabalhei dobrado ontem,
o mesmo fiz semana toda,
prá me reservar o hoje,
prá me enebriar com o ontem.
Hõje não faço nada,
se alguém bater da calçada,
digam-lhe é por lá caminho,
de ele também voltar.
Hoje fico comigo,
a me ocupar do antigo,
eu só vou me ver, sonhar.
Estão aqui meus amores,
carregados, nossas dores,
já cuidei, prá tudo, hoje,
ser de ver o que me chama,
saudades, lembranças, cama,
esta para o descuido,
de eu também deixar chegar,
os meus velhos desenganos.
Hoje, não farei nada,
eu passarei ocupado,
com as vozes do meu passado,
Até o amor que tenho hoje,
se chegar, digam, de novo,
ele hoje está, como digo,
adoeceu e está deitado.
naeno250806
quinta-feira, agosto 24, 2006
INDESJÁVEL |