sábado, março 17, 2007

JUIZO

Dos homens ardilosos e tristonhos
Sou eu o que mais perdoa.
Me apena os olhos escanteados
Dói-me a ferradura batida a martelo.
E quando o mártir não sou eu, o algoz
Retiro os óculos e limpo a fronte
Para que vejam que não é pelo meu nome
Nem pela minha honra que vejo.
Vejo por quem choraminga num canto longe.
Aplicado nos mandamentos dos assentos achados,
Dos islãs, dos alcorões, da bíblia, das cartas de Maomé,
Dou como prêmio aos homens infratores,
Um aperto nas mãos de ver sangrar nos meus olhos,
A piedade deles, em cálido gesto,
E imputo a mim o rebaixamento no regresso.
Não me valho do posto de anjo sacrossanto,
Das vias que pisei, de pura lama,
Não, não abro o livro que escrevi na vinda,
Nem levo a risca os riscos que corri.
Mas um desafio, à minha alma pequena imputa,
O de ser bufo, o que faz matar de rir.
Quem vê escolhe entre mim e outros,
E de todos, até eu, sou escolhido.
Sou entre os anjos o que se perpetua na terra,
Um desatado, um homem em completude,
E a sentença que se anuncia é rude,
A ela deixo suportável, mansa em tudo.
Não matarei por cortas pêndulas.
Não esgarçarei por lâminas involuntárias,
Não permanecerei muito tempo em volta
Daquele que já foi, e até pode reincidir,
Nas maledicências, no desejo solitário,
Na liberdade que a mim foi concedida,
De fazer na vida, o que não na morte, onde
Poderei nem ver e ser cético, calado, morto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um poema que nos leva a pensar a vida, nos seus nuances. A luta, o encontro, a vontade de ter algum poder sobre ela.
E vamos conduzindo, bom para nós, melhor para ela.

Simone Castro

www.simone.blogspot.com

Salvador

TERESINA

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