sábado, março 31, 2007

RAIMUNDO EU

Quando eu morrer, me enterrem
Em pleno ermo da caatinga,
Pra que eu não saia de lá,
E nem me afaste do meio
Dos bois já idos pela metade,
Com o resto eu tome cuidado,
Desterrem as nuvens invernadas.
Quero ser seco na vida,
O que eu não fui na morte.
Ainda tenho braços fortes,
Ainda seguro um garrote,
Não com os pulsos, com oração.
Quando eu morrer, se vê depois,
Por ora tirem meus pés,
Pra não andar de revés,
Não chegar longe. Quem é.
Que não deseja ficar,
Num lugar que bem lhe quer.
Quando eu morer, não dêem mole
Ao meu corpo dorminhoco,
Soltem-me sem alma num oco,
Não chamem-me mais Raimundo,
Serei só um bicho solto.

4 comentários:

Nathanne disse...

Oi Naeno, gostei desse texto, mostra o amor do sertanejo pelo seu meio, sua terra, soou bem "Morte e vida Severina" , uma obra linda demaisssssss!

Beijo grande!

Anônimo disse...

Naeno,
Me permita a ousadia de entrar no teu blog. Eu já sabia dele. E o meu exitar em vir foi a condição de postar como anônimo. Não tenho um blog.
Mas o prazer de ver tuas poesias compensam a minha vinda. São muito bonitas e vejo em ti um talento qeu tem tudo para se tornar, ou já é, um grande poeta brasileiro.


Um abraço
Eriko
São Luiz do Maranhão

Claudinha ੴ disse...

Olá Naeno,
hoje leio um poema típico, regional, mostrando o homem e toda a sua ecistência entranhada nas veias. Belo!
Beijo.

Anônimo disse...

Reconheço esse rosto...não é o Alberto Velasquez?
Um beijinho

TERESINA

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