quinta-feira, fevereiro 01, 2007

PECADO

Apedrejem esta criatura, culpada de todo o azedume de nossas vidas,
Foi ela quem, ardilosamente tramou com os espíritos nossa descida.
E que nas noites em que dormíamos sonhando com as rosas que na manhã veríamos,
Foi ela quem lançou a praga irretratável e todas, de surpresa vimos fenecidas.

Lancem-na mais à frente, no meio dos condenados da inquisição,
É ela um ser disforme que sob a blasfêmia se cobre,
E nega a Deus, e dos prantos seus, nenhum tem o gosto da lágrima cristã,
Reneguem os seus feitos que por seu tempo já o bastante pra chamar-se cobra.

Eis o que destila a sua boca curta, os seus lábios úmidos, seu andar disperso,
E nem aprende a fala, dos nomes se esquece. Como entrega-la o nosso destino,
Se de queda em queda ela não tem calos, e o que pronuncia ninguém dintingue.

O que logramos em esperar por ela, ainda por pintar-se, uma branca tela.
Talvez se acerte em isola-la longe, e nos dias vindouros, vemo-la de novo,
Se o azar cessou, é só uma criança. Alguém diz promessa, no escuro, vela
.

2 comentários:

Anônimo disse...

Obrigada pela visita. Ótimo fim de semana.Abraço.

Flávia disse...

Lindo texto. Me tocou mesmo!
Boa tarde moço!
PS: Adorei os slides no template.Triste, mas inegável!

TERESINA

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