PROCISSÃO
Empurro o tempo com a barriga,
E será mesmo assim,
Que se conduz o andor,
Tão delicadinho.
Não os paus as mãos das fortalezas,
Mas a imagem frágil da Santinha.
E aonde é que vai dar
A procissão comigo à frente,
Se daqui pra trás é que minha alma tende.
Eu levo a vida tão de brincadeira,
Tomo uma cadeira, faço o meu lugar.
E deixo o sol fazer a sua parte,
Me dizer.
E deixo o dia frouxo pra correr,
De mim que bulo em nada,
Nem sou incriminado por um exagero.
Santo leve que aos paus se engancha,
Se a correnteza for, como não espero,
Medonha.
Ligo os meus pensares numa linha tênue
Que faz que me liga
Mas à ponta pende,
Meu corpo monstruoso, indelicada espera,
Não me preparei pra morrer na véspera.
E sigo e toco e vou furando o povo,
Procurando à frente, o que deixei atrás.
A na discórdia dos corpos do espaço,
Perco o meu lugar para o vento,
Me perco do tempo,
Que já empurra com sua frente larga,
Do meu pé não deixa,
Minha vida não larga.
E será mesmo assim,
Que se conduz o andor,
Tão delicadinho.
Não os paus as mãos das fortalezas,
Mas a imagem frágil da Santinha.
E aonde é que vai dar
A procissão comigo à frente,
Se daqui pra trás é que minha alma tende.
Eu levo a vida tão de brincadeira,
Tomo uma cadeira, faço o meu lugar.
E deixo o sol fazer a sua parte,
Me dizer.
E deixo o dia frouxo pra correr,
De mim que bulo em nada,
Nem sou incriminado por um exagero.
Santo leve que aos paus se engancha,
Se a correnteza for, como não espero,
Medonha.
Ligo os meus pensares numa linha tênue
Que faz que me liga
Mas à ponta pende,
Meu corpo monstruoso, indelicada espera,
Não me preparei pra morrer na véspera.
E sigo e toco e vou furando o povo,
Procurando à frente, o que deixei atrás.
A na discórdia dos corpos do espaço,
Perco o meu lugar para o vento,
Me perco do tempo,
Que já empurra com sua frente larga,
Do meu pé não deixa,
Minha vida não larga.
Um comentário:
Ai, como eu gosto de ser poeta. E ser homem, andar reto, ter um caminho limpo à frente e atrás. Poder dizer o que eu sinto, como verdades, sem ferir, fazendo valer o lirismo como didática a que todos aprendam que a vida é boa, que a vida é um ofício, que a vida é para viver não para matar. Ai se meus filhos fossem como eu, sonhadores, que perdem ou acham tempo, bincando com as nuvens, contando estrelas, me arrepiando ao ver uma roza, valorisando os espinhos que a protegem. Ai, como doeria ser outra coisa que não esta, ter a vida em festa quendo um velório passa, porque se assenta em minha a caraa de que aquela alma não está perdida. Encontrou-se afinal, lá no édem, nos confins cos céus, ao lado de Deus, onde ferve a verve do cantador, do inventor dos sonhos, do sonho, do sono acordado, da vida pesada leve.
Amo a poesia como amo as mulheres e o que saem de suas bocas, o que se expõem aos nossos ouvidos quando, duvidosos, elas nos agazalham em seus regaços; ai vida bela assim, ai ventura sem fim, ai, agora uma mulher dentro de mim.
Naeno
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