sábado, fevereiro 03, 2007

RAIMUNDO

Eu sou o badalo solto da vaca parida.
Sou das redondezas, das águas caídas.
Sou o peso e as quinas das pedras que levam
Os penitentes crentes no santo e na reza.
Sou a louvação do homem que faz entre lágrimas,
O arredio que sai arrependido.
O sinal da cruz, o olhar pra traz.
Do carro que o carrega, o que impulsiona, a máquina.
Sou o canto do Acauã na noite agourenta
Sou eu quem fica, que pasta, o jumento,
As tentativas vãs de voltar de novo.
Sou eu o velho recurvado, o olho,
Minado pelo sol, de olhar o tempo
E sentiu só o vento, a chuva não notou.
A chula vida que ninguém pediu,
Sou eu quem pariu os filhos do mundo,
Eu sou mais um dos confundidos Raimundos.

Um comentário:

Anônimo disse...

olá..
li alguns dos poemas e gostei muito..
Parbens pela sensibilidade
Bom domingo
beijos

TERESINA

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