terça-feira, fevereiro 06, 2007

DEPOIS EU


A casa do meu avô ficava num alto
O mais alto escalvário do lugar.
Tinha seis janelas grandes na frente,
No meio, medida palmo a palmo furava a porta,
E pra se chegar até o batente
Cinco degraus davam pro chão e davam pra cima.
Os esteios dos oitões eram de aroeiras, duas de cada lado,
Três janelas de cada lado davam para os quartos da frente,
E duas perto da porta davam para a grande sala
Ocupada por dois bancos de Angelim, uma mesa.
De madeira e grude, e mais uns cinco tamboretes
Forrado com couro de boi, sem tratar.
Era assim a casa do meu avô, onde meu pai nasceu,
As aroeiras até pouco tempo resistiriam ao peso
Das telhas lodoentas e encharcadas.
E foi abaixo o imponderável, o que se esperava
Ver de suas janelas o fim do mundo.
Meu avô foi antes, subiu aos céus por uns degraus azuis.
Meu pai, que lembro, vestido de calça caqui
E camisa branca de manga longa, pano passado,
Ainda moço, bonito, com as duas mãos nos bolsos,
Pra lá e pra cá, como peixinho na beira da aguada,
Ia e vinha, ia e vinha, até entrar de vez, se sentar.
Também meu pai se foi e foi agora, depois que
O casarão já tinha ruído. Ele também com certeza
Já subiu pelos mesmos degraus azuis que fez meu avô.
Hoje do que falo, do que calo, do que vale
Eu sonhar, pensar e chorar acordado,
Resta ainda muito, um monte imensurável
De adobes e telhas verdes. E quando ainda hoje vejo,
Do casarão não me lembro.
Lembro do meu Avô, e lembro do meu Pai,
Por aqueles cinco degraus descendo para o chão,
E ascendendo rumo ao céu.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi! Naeno!! Passando prá deixar beijos!! Lindo o seu Depois eu!! às vezes fica difícil falar quando o que mais sei é sentir!! rsrs

Vi e falei disse...

Oi vim te ver também!

Anônimo disse...

Olá.
Passei para te ler e deixar um beijito :)

TERESINA

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