Se eu vier a nascer de novo
Pedirei ao Deu da vida...
Seja esta a vez da minha morte.
Mandai-me velho, com todo o tempo que terei,
E deixai que progressivamente eu regresse.
Largai-me cambaleante como uma criança
Nos seus primeiros passos
Que daí eu desça, remoçando,
Com a carga pesada de tudo o que é meu,
Das coisas que vi e fiz e repetirei de novo.
E siga esquecendo, desaprendendo,
Diminuindo ou aumentando os ossos.
Destapados os ouvidos, limpos meus olhos,
Que eu ouça e veja.
E que tudo vá se diluindo e consistindo,
No olhar atento e sentidos perfeitos de moço.
Mas que eu vá me esquecendo,
E o que eu lembre dure o tempo de esquecer.
Que a mim seja da beleza
De primeiro ver o crepúsculo
Pra só depois ver a aurora.
Que as estrelas e a lua, eu veja antes,
Que a luz ofuscante do sol.
Que as mulheres se surpreendam
Com os beijos que sugarei de suas bocas,
Que eu siga de tudo esquecendo...
Que as estações se invertam,
Da forma como eu venho vindo e indo.
Que eu veja as águas que não se repetem,
No mesmo ponto do rio,
Descidas distas dos meus olhos, um dia.
Que as chuvas primeiras sejam as derradeiras,
E eu já colha antes de plantar, antes de arar, de queimar.
Que o meu primeiro presente, uma bola furada,
Dê-me a alegria de um menino encantado.
Que eu desça ou suba esquecendo...
Desaprendendo, perdendo o sendo, o sentimento adulto.
Que de repente eu me veja
No regaço de minha mãe sugando o colostro,
E de tudo esquecido,
Que se abram as portas
Por onde entrei e saí pela segunda vez.
2 comentários:
Lindo poema. Não é de hoje que de peço para editares um livro. Se houver algo que eu possa fazer neste sentido, podes contar comigo. Além da experiência com edição,eu tenho alguns amigos dispostos a te ajudarem.
Um abraço do amigo,
Glauco Luz
Quqlquer decisão me contata pelo site glaucoluz.com.br ou no site glaucoluz@gmail.com.
Dá um abraço na Gina, no Assis,
Glauco
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