domingo, julho 30, 2006


CATULO DA PAIXÃO CEARENSE

Ao se começar um levantamento da música nordestina dentro da indústria fonográfica nacional, nada mais justo que citar aquele que, além de violeiro, foi também poeta pioneiro do Nordeste a ter uma letra sua gravada em disco. Catullo da Paixão Cearense, nascido em São Luiz, em 8 de outubro de 1863, entrou definitivamente para os anais da música brasileira ao trazer o violão das rodas de seresteiros para os conservatórios de música em 1908.
O
registro de Talento e Formosura - sua e de Edmundo Otávio Ferreira- feito pelo cantor Mário Pinheiro em 1906, constitui-se num dos itens mais raros da discografia nacional. Verdadeiro marco na afirmação de uma identidade regional na embrionária indústria cultural brasileira, a gravação deste acetato de 78 rpm se deu graças à instalação do primeiro selo de música no Brasil: a Casa Edison.
É bem verdade que na época da gravação destas e de outras músicas, o compositor de Luar do Sertão já era um vate renomado, tendo suas audições de modinhas penetração nos saraus do Império, passando pelas primeiras décadas do século servindo de fundo musical à República Velha .
Mas a primeira música de tonalidades rítmicas regionalistas, lembrando os folguedos do "Norte" foi Caboca de Caxangá, gravado no mesmo selo em 1913 com a denominação de batuque sertanejo. O registro, feito pela dupla Baiano e Júlia Martins, constitui-se portanto no momento zero em que a incipiente indústria fonográfica categorizou um segmento musical com referência nítida à região de onde teria vindo.
Antes de se lançar no vôo desatinado de querer entender o artista puramente pela sua música, faz -se necessário que o leitor saiba um pouco mais sobre as
origens do poeta.


Letras Catullo da Paixão Cearense

CACÔCA DE CAXANGÁ

Laurindo Punga, Chico Dunga, Zé Vicente

Essa gente tão valente

do sertão de Jatobá

e o danado do afamado Zeca Lima

Tudo chora numa prima e tudo quer te traquejá

Cabôca di Caxangá (bis)

Minha Cabôca venha cá. (bis)

Queria ver se essa gente também sente

tanto amor como eu senti

Quando eu te vi em Cariri

atravessava um regato no Patau

e escutava lá no mato

o canto triste do urutau.

Cabôca, demônio mau, (bis),

Sou triste como o urutau. (bis)

Cabôca de Caxangá (bis)

Minha cabôca, vem cá (bis)

Há muito tempo lá nas moita Da taquara

junto ao monte das coivara

eu não te vejo tu passar

todo os dia até a boca da noite

eu te canto uma toada

lá de baixo do indaiá.

Vem cá, cabôca, vem cá (bis)

rainha di Caxangá (bis)

Da noite santa do Natal na encruzilhada

eu te esperei e descansei

Até o romper da manhã

quando eu saia do arraiá o sol nascia

e lá na mata já se ouvia/pipiando a acauã.


Cabôca, toda manhã som triste de acauã (bis)

Cabôca de Caxangá (bis)minha cabôca, vem cá (bis)


CINZAS


Álgida saudade me maltrata

desta ingrata

que não me sai do pensamento

cesse o meu tormento

tréguas à minha dor

ressaibos do meu triste amor.


Atro é o meu grande martírio

das sevíciasn'alma a cicatriz.

Deus, tem compaixão desteinfeliz

mata meus ais

por que sofrer assim

se ela não volta mais ?
Êsse pobre amor que um dia floresceu

como todo amor que é sem vigor , morreu.

Ai, mas eu não posso esquecê-la, não,

a saudade é enorme no meu coração.

Versos que a pujança deste amor cantei.

lira do poeta que a sonhar vibrei

cinzas, tudo cinzas eu vejo enfim

esta saudade enorme que reside em mim.


Morto ao dissabor do esquecimento

num momento evanizado da paixão

está um coração que muitas dores padeceu

um pobre coração que é o meu.


Dentre de minha alma que se aflige tem uma esfinge emoldurando muitas fráguas

Deus, por que razão que as minhas máguas/a minha dor/ não fogem de minha alma como fugiu o amor ?

APOTEOSE DO AMOR

Deus, só Deus

sabe que os olhos teus

são para mim

dois faróis clareando o mar

na fúria do mar

onde naufragauma barca que o leme perdeu.

Coitada, esta barca sou eu

a naufragar

na existência que é o mar

Socorre-me com a luz dêsses faróis

que sãosão teus olhos azuis .

São dois lírios os teus seios alabastrinos

quase divinos/parecem feitos para o meu beijo.

Muito almejo dos lábios teus

por um sompela glória do nosso amor.

Musa dos versos meus

inspira-me por quem és

minha alma, bendito amor

curvada aos teus pés

rosa opulenta

que o meu jardim ostenta

a queimar em dor

inspiração do meu amor.

Eu nem sei por que te amei

pois tudo em ti é formosura e singular.

Amei teu perfil

teus olhos azuis

eu amei teu olhar.

Por fim nem tens pena de mim

que sofro e choro

na ânsia de te amar.

Ah, triste de quem

vive a chorar por alguém




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TERESINA

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