domingo, julho 30, 2006

Luiz Gonzaga nasceu em Exu, Pernambuco, em 13 de dezembro de 1912. Foi um compositor popular. Aprendeu a ter gosto pela música ouvindo as apresentações de músicos nordestinos em feiras e em festas religiosas. Quando migrou para o sul, fez de tudo um pouco, inclusive tocar em bares de beira de cais. Mas foi exatamente aí que ouviu um cabra lhe dizer para começar a tocar aquelas músicas boas do distante nordeste. Pensando nisso compôs dois chamegos: "Pés de Serra" e "Vira e Mexe". Sabendo que o rádio era o melhor vínculo de divulgação musical daquela época (corria o ano de 1941) resolveu participar do concurso de calouros de Ary Barroso onde solou sua música “ Vira e Mexe” e ganhou o primeiro prêmio. Isso abriu caminho para que pudesse vir a ser contratado pela emissora Nacional.No decorrer destes vários anos, Luiz Gonzaga foi simbolizando o que melhor se tem da música nordestina. Ele foi o primeiro músico assumir a nordestinidade representada pela a sanfona e pelo chapéu de couro. Cantou as dores e os amores de um povo que ainda não tinha voz.Nos seus vários anos de carreira nunca perdeu o prestígio, apesar de ter se distanciado do palco várias vezes. Os modismos e os novos ritmos desviaram a atenção do público, mas o velho Lua nunca teve seu brilho diminuído. Quando morreu em 1989 tinha uma carreira consolidada e reconhecida. Ganhou o prêmio Shell de Música Popular em 87 e tocou em Paris em 85. Seu som agreste atravessou barreiras e foi reconhecido e apreciado pelo povo e pela mídia. Mesmo tocando sanfona, instrumento tão pouco ilustre. Mesmo se vestindo como nodestino típico (como alguns o descreviam: roupas de bandido de Lampião). Talvez por isso tudo tenha chegado onde chegou. Era a representação da alma de um povo...era a alma do nordeste cantando sua história...E ele fez isso com simplicidade e dignidade. A música brasileira só tem que agradecer...
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Por meu sentimento nordestino, amor à Luiz Gonzaga, compus três músicas em sua homenagem. Não fosse a auto-censura que me impus, muitas teria feito ainda.

LUA

Ele saiu quase com o raiar do dia,
pois decidiu que era hora de partir,
ele comprou uma passagem só de ida,
num pau-de-arara fez sua triste partida.

Agora tudo aqui ficou tão diferente,
o meu Nordeste ficou triste, de repente,
ninguém mais ouve aquele canto, aquela voz,
cadê o Lua que brilhava sobre nós.

Ele saiu quase com o raiar do dia...

O Assum Preto, agora, triste tá de luto,
o sabiá, não canta mais, se ficou mudo,
São Jõão na roça, ficou lá pro outro ano,
o meu roçado, a linda flor pernambucana.

Pois decidiu que era hora de partir...

Quem tira agora Carolina prá dançar,
quem se assujeita o Velho Lua imitar,
tá prá nascer outro caboclo cantador,
outra sanfona, outro fole gemedor.
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Forró no céu
letra de cruz neto

O Velho Lua clareou o céu,
em noite que nem era de São João,
quando encontrou Januário,
e mudaram o cenário,
tocando xote e baião.

E era gente chegando de todo lugar,
Bethoven pediu prá mais alto tocar,
e Mozart, ficou num dilema,
e falou vale a pena ficar neste lugar.

No forrozão, forró no céu, forrofiar
no forrozão, forró no céu, forrofiar.
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ESTRELA

Aonde é que vai Luiz,
com a sanfona do baião.
Aonde é que foi Luiz,
com a sanfona do baião.
Sem o Lua, haverá uma estrela,
que ilumine o meu sertão.

Cuidado, lá vem Luiz,
Cuidado, Luiz chegou.
Ê sanfoneiro do Céu,
um verdadeiro cantador,
Ê sanfoneiro do Céu,
o verdadeiro tocador.



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TERESINA

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