domingo, julho 16, 2006

A dança do Coco continua sendo a expressão de desabafo da alma popular, da gente mais sofrida do Nordeste brasileiro.O Coco, a exemplo de outras danças tipicamente brasileiras, apresenta grandes variedades de formas. Variadas são as modalidades, conforme o texto poético, a coreografia, o local e o instrumento de música.
Os “Coco solto”, “Quadras”, “Embolada”, “Coco de entrega”, “Coco dez pés”, são referidos pela métrica literária.
Os “Cocos de ganzá”, “Coco de zambê”, pela música.
Os “Coco de praia”, “Coco de usina”, “Coco de sertão”, pelos locais.
Os “Coco de roda”, “Coco de parelhas ligadas”, “Coco solto”, “Coco de fila” “De parelhas trocadas”, “De tropel repartido”, “Cavalo manco”, “Travessão”, “Sete e meio”, “Coco de visitas”, pela coreografia.
Muitos deles caíram em desuso, por causa das influências culturais urbanas e da repressão das autoridades (há um grau de erotismo embutido nas danças), mas ainda são praticados nas festas juninas.
Um dos Cocos mais populares é o de embolada, que se caracteriza pelas curtas frases melódias repetidas várias vezes em cadência acelerada, com textos satíricos (quase sempre improvisados, em clima de desafio) onde o que importa é não perder a rima.
O Coco possui dois ritmos distintos, o "tropé" ou "tropel", que é um sapateado vigoroso, marcado pelos pés descalços ou tamancos pesados e que se ajusta àquele executado nos instrumentos musicais. A umbigada está presente em muitas variantes.
As canções variam de acordo com região, que enriquece o repertório.O Coco é um folguedo do ciclo junino, que é dançado também em outras épocas do ano.O COCO ALAGOANO
O Coco dançado em Alagoas é diferente do paraibano, do pernambucano e do rio-grandense.Em alagoas o sapateado é mais vivo e mais figurado. e forma-se rodas de homens e mulheres. No centro fica o solista que põe o "argumento", isto é, a melodia do texto. Logo sobressai o refrão cantado pelos demais da roda:"Venha ver a coisa tá boaVenha, é um Coco lá das Alagoas".O solista, no centro, executa requebros e sapateados, passos figurados, inventados na hora. Ao finalizar faz a sua vênia ou reverência. Retira-se, e entra outra pessoa.INDUMENTÁRIA
Homens: calça listrada, xadrez ou branca, de boca estreita, camisa de meia, sandálias, chapéu de palha.
Mulheres: vestido estampado de cor alegre, mangas fofas, saias bastante rodada, com babados. Nos pés, usam tamancos de madeira que ajudam a sonorizar o ato da pisada no chão.OS INSTRUMENTOS
O Coco é uma dança do povo e os principais instrumentos são as próprias mãos. As cantigas são acompanhadas pelo bater de palmas com as mãos encovadas, imitando o ruído de quebrar da casca de um coco, daí o nome da dança, de ritmo bem brasileiro. Usam também zabumba (tambor) "pife", flauta, ganzás, chocalho, viola, pandeiro, cuícas, maracás, bombos.Até o caixão de querosene entra na dança, na falta de um instrumento musical.O Coco foi a dança preferida pelos cangaceiros. Lampeão dançava o Coco em horas de descanso.Na feira nordestina é um lugar onde se pode ver e ouvir o Coco improvisado, falando das dificuldades, dos problemas sociais e das paixões. É um espetáculo bonito de se observar! Celebrado por muitos artistas, como Gal Costa, Gilberto Gil e Alceu Valença, o coco foi redescoberto nos anos 90 em Recife, pela via do mangue beat, através do trabalho de grupos como Chico Science & Nação Zumbi e Cascabulho. Eles chamaram a atenção para artistas recifenses contemporâneos, mais próximos da raiz musical, como Selma do Coco, Lia de Itamaracá e Zé Neguinho do Coco. Sebastiana (coco)Rosil Cavalcanti Convidei a comadre Sebastiana Pra dançar e xaxar na Paraíba. (coro repete) Ela veio com uma dança diferente E pulava que só uma guariba. (coro repete) E gritava: a, e, i, o, u, ipsilone... (coro repete) Já cansada no meio da brincadeira E dançando fora do compasso Segurei Sebastiana pelo braço E gritei: Não faça sujeira O xaxado esquentou na gafieira Sebastiana não deu mais fracasso. Mas gritava: a, e, i, o, u, ipsilone... (coro repete) O coco tipicamente alagoano aparece em quatro músicas: Sebastiana (Rosil Cavalcanti);Cremilda (Edgar Ferreira); A mulher do Anibal (Genival Macêdo)
Texto pesquisado e desenvolvido por Rosane Volpatto


MORENA-CHAMA

Morena, chama, meu amor, de lamparina,
queimando encima, debaixo deixa queimar.
Morena, chama de vela de estiarina,
vai derretendo, até no chão se esparramar.

Vejo um zabumba num baião, ouço um trovão
o sertão se alagar,
a asa-branca, vem de volta,
e a gente solta,
um canto só de se encantar.

Eu fico louco dentro dum vão de rebôco,
contigo é pouco uma noite só, para amar.
eu fico louco dentro dum vão de reboco,
contigo é pouco uma noite só, para amar

Vejo um zabumba de baião, ouço um trovão,
o sertão se alagar,
a asa-branca vem de volta,
e a gente solta,
um canto só de se encantar.

Hoije distante, Sampa tampa minha vista,
prédios em riste, não dá nem prá mim roçar
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TERESINA

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