segunda-feira, julho 31, 2006


MÁRIO FAUSTINO

Sinto hoje, no coração, um vago tremor de estrelas” (Lorca)

vida, amor e morte são temas capitais da poesia de Mário Faustino. Entrelaçados, esses elementos sustentam o seu timbre poderoso, erudito. A morte em Mário não é apenas um pretexto de escrita, uma vacilação. É anseio, pressentimento. A sua morte trágica em 27 de novembro de 1962, na explosão de um Boeing da Varig, confirmou a previsão de uma frenóloga de Nova York. Morreu aos 32 anos de morte anunciada e pressentida. Toda a sua obra é marcada de presságios, envolta numa aura dramática, tensa, onde a morte paira seu silêncio e vulto.
O poema Romance é exemplar dessa premonição. A respeito desta peça literária, a professora Albeniza Chaves, da Universidade Federal do Pará, se pronunciou: “O poeta experimentará situações místicas, pressentirá a proximidade do seu fim, sentirá, novo Cristo, o abandono e a traição, o peso e a ingratidão do mundo, fará, enfim, a sua via crucis sem conseguir resolver o enigma Vida-Morte, diante do qual seu sentimento é o trágico e o amor fati – aceitação heróica do destino”. Albeniza prossegue em sua análise: “Esse amor fati, ainda expressão de erotismo universal de Mário Faustino, tem algo de tragicidade inerente à atitude desafiadora do homem que procura uma estranha fé na Vida que a Morte revigora. É a confiança do ser desnudo, a fé na existência pela existência, que chega até mesmo a transformar a morte num acontecimento festivo, amado, esperado, como proclama a canção Romance: “Não morri de mala sorte/morri de amor pela morte”.
Poeta construtor, artífice, a mão suando cada verso, a palavra precisa em cada gesto, Mário – que também era jornalista – sabia das torturas que o poeta submete o vate desamparado. De nada adianta recorrer às musas simplesmente; é preciso pulsar a obra, concebê-la como universo a lapidar, suor, trabalho. Escrever – e escrever bem – é uma tarefa difícil, mas o poeta se atirou a essa penosa empreitada. Buscou em Eliot, em Pound, nos poetas da Antigüidade, as pilastras para a consumaSinto hoje, no coração, um vago tremor de estrelas” (Lorca)
Vida, amor e morte são temas capitais da poesia de Mário Faustino. Entrelaçados, esses elementos sustentam o seu timbre poderoso, erudito. A morte em Mário não é apenas um pretexto de escrita, uma vacilação. É anseio, pressentimento. A sua morte trágica em 27 de novembro de 1962, na explosão de um Boeing da Varig, confirmou a previsão de uma frenóloga de Nova York. Morreu aos 32 anos de morte anunciada e pressentida. Toda a sua obra é marcada de presságios, envolta numa aura dramática, tensa, onde a morte paira seu silêncio e vulto.
O poema Romance é exemplar dessa premonição. A respeito desta peça literária, a professora Albeniza Chaves, da Universidade Federal do Pará, se pronunciou: “O poeta experimentará situações místicas, pressentirá a proximidade do seu fim, sentirá, novo Cristo, o abandono e a traição, o peso e a ingratidão do mundo, fará, enfim, a sua via crucis sem conseguir resolver o enigma Vida-Morte, diante do qual seu sentimento é o trágico e o amor fati – aceitação heróica do destino”. Albeniza prossegue em sua análise: “Esse amor fati, ainda expressão de erotismo universal de Mário Faustino, tem algo de tragicidade inerente à atitude desafiadora do homem que procura uma estranha fé na Vida que a Morte revigora. É a confiança do ser desnudo, a fé na existência pela existência, que chega até mesmo a transformar a morte num acontecimento festivo, amado, esperado, como proclama a canção Romance: “Não morri de mala sorte/morri de amor pela morte”.
Poeta construtor, artífice, a mão suando cada verso, a palavra precisa em cada gesto, Mário – que também era jornalista – sabia das torturas que o poeta submete o vate desamparado. De nada adianta recorrer às musas simplesmente; é preciso pulsar a obra, concebê-la como universo a lapidar, suor, trabalho. Escrever – e escrever bem – é uma tarefa difícil, mas o poeta se atirou a essa penosa empreitada. Buscou em Eliot, em Pound, nos poetas da Antigüidade, as pilastras para a consumação de uma obra em vertiginosa ascensão.
Durante os anos em que editou a página Poesia Experiência, no Jornal do Brasil, mostrou sua verve crítica, a capacidade de reconhecer o verso preciso, a poesia fundamental em contemporâneos e avoengos. Comentava com precisão a metáfora ímpar e demolia sem titubear o texto empavonado e incompetente. Exigia dos autores o compromisso com a palavra, com a evolução da poesia. Exigia-lhes conhecimento do terreno, capacidade de superação.

O Mês Presente

Sinto que o mês presente me assassina,
As aves atuais nasceram mudas
E o tempo na verdade tem domínio
Sobre homens nus ao sul das luas curvas.
Sinto que o mês presente me assassina,
Corro despido atrás de um cristo preso,
Cavalheiro gentil que me abomina
E atrai-me ao despudor da luz esquerda
Ao beco de agonia onde me espreita
A morte espacial que me ilumina.
Sinto que o mês presente me assassina
E o temporal ladrão rouba-me as fêmeas
De apóstolos marujos que me arrastam
Ao longo da corrente onde blasfemas
Gaivotas provam peixes de milagre.
Sinto que o mês presente me assassina,
Há luto nas rosáceas desta aurora,
Há sinos de ironia em cada hora
(Na libra escorpiões pesam-me a sina)
Há panos de imprimir a dura face
À força de suor, de sangue e chaga.
Sinto que o mês presente me assassina,
Os derradeiros astros nascem tortos
E o tempo na verdade tem domínio
Sobre o morto que enterra os próprios mortos.
O tempo na verdade tem domínio Amen,
Amen vos digo, tem domínio
E ri do que desfere verbos, dardos
De falso eterno que retornam para
Assassinar-nos num mês assassino
Mário Faustino

2 comentários:

Anônimo disse...

O resgate de poetas como Mário Faustino, Torquato Neto, Salgado Maranhão é de extrema valia, aos interessados na poesia contemporânea, ou de um modo geral. Estes três poetas, com excessão de S. Maranahaão, marcaram época e, agora, por reconhecimento estão sendo expostos à população com o enaltecimento de seus valores. Fecundidade não lhes fatava. Pena que os dois a que me referi, foram muito cedo, cedo para o que se propunham fazer pela poesia brasileira.

Anônimo disse...

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