sábado, setembro 30, 2006














LEMBRANÇAS

Nos arvoredos, os passarinhos se amam no entrelaço das asas,
E tudo é tão calmo, não se ouve nada,
além do ruflo das asas.
Penetrado em mim, com os olhos errantes na mata,
eu me lembro do tempo que fui, um menino.
Lembro de mim, como os velhos voltam, ao que eram,
quando eu era só um menino.

Eu era feliz por esse tempo, um passado alegre,
resistiam em mim vigor, e forças, diminuídas,
morava em mim a sinceridade, nos bons e ruins sentimentos,
Aos arroubos do corpo, o viço, se abstraiam dos sentimentos místicos.
Eu era tal um beija flor, que amava a flor e as alturas.
E se confiava em suas asas, parava, pairava no ar.
O temor a Deus e fé, também de mim,
e ia a missa com minha mãe todo domingo,
me confessava, ao padre, o que julgava, razoável dizer,
e no mesmo dia, até voltando pleno de Deus, voltava a pecar.
Eu retinha uma paixão por mulheres sós,
e fazia versos, mandava flores, cartas, até pássaros que eu pegava.
e tudo isso eram idéias e gestos de mim.

A minha mocidade, quando seguia o meu pai em tudo que fazia,
o único herói de que tinha conhecimento.
Não tinha conhecia o bravo Robson Crusué,
Nem Zorro, nem o que citava Júlio Verne,
de quem só vim saber, depois de deixar, sem mim, meu interior.
Sei que houve tristeza, eu vi alguns chorarem,
recebi presentes: baladeiras velhas, cofos de macacujá,
galhinhas amarradas aos pés. Por isso, acho, deixei saudades.

A minha infância, minha juventude,
a noite de ontem que passei em claro,
estão muito longe,
doem-me como picada de marimbondo,
a perspectiva dos meus próximos anos.
Morreu meu pai, o meu único herói,
e como fico eu, vai que em mim destrua-se,
a confiança que dias bons voltarão,
por que é disso que vivo, com isso eu lido,
minhas distantes, perdidas, ilusões
.
naeno:apanhados

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TERESINA

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