domingo, setembro 17, 2006


DIVIDIDO

Agora sou um homem, dividido em dois,
um que se antecipa, outro: se ver depois.
O mais agoniado, não espera,
qualquer mês pode ser uma primavera,
e sai caçando flores, sonhar, quem dera,
nos seus amores vê-se enganos, irreais,
os seus sonhos são os mesmos, tão iguais,
já o outro, comedido, fica perdido,
por impulsos, de guardar-se demais.
E quando ama dá-se e esquece,
que o amor nem sempre é cura, e arrefece,
antes, é o que mais tem de conflitos,
se a entrega é mal chegada, descabida,
a alma, a vida, tudo que é contido,
lembranças tão recentes, e já perdidas,
ficam desprotegidos, tudo é doído,
e sem razão, perdido, louco vai à despedida.
O outro, tão jogado, perde menos,
pouco do que nao ostenta em sua vida,
sem flores, sonha ainda, com a primavera,
e ama tanto, tanto, um jeito comovido,
e ama tanto, tanto, na intensidade, como era.
naeno:apanhados

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TERESINA

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