ALÉM
O mar divide lugares, separa gentes.
Assim também são as serras
Que não te dão vistas mais além.
Paradoxalmente, quando o mar divide,
Está separando e ligando.
Assim não ocorre com as serras.
Que não te permitem a visão
Do seu outro lado.
O mar é líquido, uma lâmina
Que reflete e que se anda encima.
As serras são obstáculos propositais,
Estão ali para nunca se liquidificarem,
Não se poder andar por cima,
E nem se mirar à frente,
E mesmo sabendo que após há gentes,
Estas ficam invisíveis indefinidamente,
A não ser que o mar invada tudo,
E a arraste, e torne a serra líquida,
Navegável,
Porque o que une as gentes
Que o mar separa,
É saber que se pode navegá-lo.
Um comentário:
Lindo poema. Adorei os dois trabalhadores da vida, um dependendo do outro para fulgurar e o outro para ser fulgurante.
Prof. Assis Santos Rocha
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