quinta-feira, janeiro 04, 2007



VOLUNTÁRIOS

Os inventários do céu são como placas
Finas e transparentes.
Fincadas em nichos riscados nas encostas brancas,
restolhos da memória arada em rasos do chão das alturas,
semens guardados a durar o tempo que queira
a serem espalhados novamente.
E lançados ao mar no tempo oportuno,
se esticarem à praia como cardume de colonizadores,
encarregados das mesmas capitanias dos mesmos homens,
onde o mesmo império os espera.
Gigantescas pedras que rolaram por sobre o tempo,
triturando sonhos, desnudando fantasias.
Apagando o fogo que por todo o começo foi
o que permitiu o homem sentar-se e comer,
atear brasa nos campos e planta-los,
sabedor do que viria do seu vigor
de animal já comprovado.
As lâminas fincadas nas paredes brancas
se dissipam com a temperatura visceral.
E as mesmas formas são erguidas.
E nascem os sonhos, renasce a idolatria
e vários deuses disputam as sombras em fila,
quando cruzam o desfiladeiro
antecedido pela mesma luz do sol.
Cravados nos mesmos lugares,
as mesmas intimidades
com o que não se alterou, em nada prossegue,
e assim se seque, a litania voluntária dos medrosos,
que acham a reinvenção o castigo,
de que tanto temiam e choravam, por não.

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TERESINA

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