quarta-feira, janeiro 10, 2007

POESIASONHO

Queria usar as palavras sem estar
Preocupado com o impacto e sentido delas

Queria assim compor um poema idependente,
Das rimas, que as agulhadas fossem apenas nele.
Que me redimisse a busca do que jogam fora,
Essas estrelas que os poetas lançam mão
Com elas eu queria montar o recheio
Da grade feita com os entulhos lançados nas calçadas.
Será possível montar-se uma poesia
Que dela alguém dizia: belo jeito, conhecida forma,
Esta poesia tem tudo o que era de mim
E eu por ser muito perfeito, peguei e joguei fora.
Queria que os obstinados,

Maratonistas atrás de rimas e flores,
Visse em meu poema sem cores, nem brilho
Uma outra coisa, rápida, fugidia,
Que quando visse já visse outra coisa.
Uma poesia em que a mulheres cantam
E aos homens, poetas, causasse espanto,
Que a última palavra, ao findar meu fôlego
E não dispor de nenhum dicionário,
Não rimasse com a primeira, nem fosse,
Um monte de osso, a acrescesse carne,
E não fosse um açougue, fosse um homem,
E fosse a alma e fosse gente.

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TERESINA

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