PALAVRA
Não tenho outras coisas que se conte.
E o que não consegui em matéria,
Me virei para as palavras.
E guardo frases melodiadas pelo vento,
Quando batia de frente com cordas finas
De minha garganta.
Guardo num relicário, nem sei se é pecado.
Coisas que disse e gosto de repetir, falando.
Como: O amor só serve para deixar saudades;
Fazer poesia é ruminar a imagem
E cuspir só a palavra.
Que tortura o entendimento do que se inventa.
Para verter-se em sopro, ânimo e beleza
À mulher que pare, ao choro que cale.
Ai, pesadelo morrer-se pela boca
Tremendo as mãos provocando loucuras.
Ai que bravata acumular-se ao vento
Que só vez por outra vem te confirmar
Que tens alço escuso, que não podes mostrar
Porque nem todos saberão o que é
Uma cicatriz profunda, uma paixão, uma mulher.
Que a palavra diz e o pensamento
Ausente não pode confirmar.
'leia A FALA'
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