domingo, janeiro 07, 2007

A CIDADE

Duas horas da madrugada
A cidade está toda abandonada.
Os meus olhos não me servem mais
Sem que seja para fecha-los e dormir.
Manelão ainda não está dormindo,
Mas o banco da esquina está vazio.
Vazio como o meu coração por estas ruelas varridas.
Deixaram-me como vigia dessa noite comum
Noite de aperreio, em que meu peito
Treme como um chão de terreiro na hora do santo.
As baianas passam largando suas saias
Com bastas de barro pela minha calça jeans
E eu sinto o frenesi que elas sentem,
Porém eu não sinto nada, nenhuma entidade,
Estou aqui porque é o único endereço vivo,
O único ponto da cidade que pulsa,
A esta altura da noite ou da manhã, de madrugada.
Duas da madrugada e eu ando com passos largos e lentos
As rosas adormecidas me deixam tocá-las por fora das grades,
E os vigias dormem escorados nas paredes.
Alguns se deitam diante da porta
Como se houvessem chegado tarde
E seus pais com indignaçãose negaram lhes abrir a porta.
Como fica leve e habitável a cidade dormente,
Ninguém a gritar pelo mercado,
Nem sussurros se ouve dentro das janelas,
A cidade que sonhei é assim como ela.
Desabitada, deitada sobre os homens,
E os seus escombros são suas casas,
Suas praças na forma intacta
.

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TERESINA

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