O HOMEM

Na minha cabeça trago tudo o que vi,
Nos meus olhos as visões do que imaginei,
As mãos de abrir trago fechadas
Amassando a rosa, embaralhando as linhas,
O meu destino foi desses movimentos,
De caber-me dentro de fora de mim,
De estar distante, nos cumes mais altos,
Engolindo ventos inusitados por aqui.
Sempre fiquei nos baixões úmidos,
Cavando o chão, furando o mundo
E mais fundo descei, fui às crateras,
Tão longínquas dos altos alegres,
Na minha cabeça trago sentimentos,
No meu coração guardo pensamentos,
Do que eu dispus, desmerecido, fui,
Incapaz do olhar pra não tirar proveito
E em tudo o que vi, tudo que senti,
As marcas à superfície, não me doem tanto,
Quanto que profundo, mais do que cavei.
E quando me atiro nas valas vazias,
Da terra plana e árida que não plantei.