domingo, janeiro 28, 2007

PARADO

Sou este modelo vivo
com gestos previsíveis,
que não se arrasta além do espaço
demarcado à roda dos meus pés.
Sou quieto
convivo com a mosca
a arrodear meu lábio quente,
uma vontante, de torrente,
de andar, de sair, correr frente de mim.
Não me acostumo aos limites das estradas,
minha vontade é furar o mato,
como boi com seus dias contados.
Nasci sei, prá ser conselheiro,
lampião, do mundo inteiro.
Mas conto meus moviemntos
numa cadência comovente,
que nem um bolero de dar,
nenhuma conversa boa,
ao ouvido da amada,
leva-me assim, tão devagar,
e eu dou pro mim no espelho,
com um brilho leve no rosto,
da prata que me aspergiram,
das lágrimas que correm lisas,
por este rosto riscado,
em tantos afluentes vivos,
e ninguém à minha frente
ver que por dentro de mim corre
um amor, uma virtude.
Amar como um espantalho
vigiando à sua frente,
a única ave que queria ver pousando.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei essa última frase "a única ave q queria ver pousando"....Lindo!!!!
Beijos querido

TERESINA

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