ACALMA
A quanto tempo o Carro-misto e o Horário
Não passam na estrada mais perto de casa
Todo o mundo vivia um inverno rigoroso,
Que até para plantar era mais sacrifício,
Que se o solo, em vez de alagadiço, tivesse seco.
E o que traz o tal Carro-horário, de bom que todos anseiam,
Que mais com ele se preocupavam que com os desmoronamentos,
Com as casas de taipas que caiam uma aberas da outra.
O horário trazia gente, gente nova da cidade,
Homens com óculos Raiban falsificados,
Cabelos com brilhantina glostora, pente flamengo,
Cheiro de colônia que se sentia à distância.
Bugigangas para nas quitandas serem trocadas,
Por sal, açúcar, café, querosene.
Era como se chegasse o padre
Que nas desubrigas de outubro e novembro,
Passava, casando, batizando, e comia tudo que achasse à frente.
Padre Tarcisio, hoje uma lembrança sem vergonha,
Sem pecado, nenhuma mácula aos mandamentos da divindade trina.
O padre abastecia os corações de esperança e fé,
O carro-horario, abastecia os homens de futilidades,
Que eram sonhos, pequenos sonhos, daquele resto de gente,
Que morando de favores, nas casas de parentes,
Viam na chegada do navio cargueiro,
A solução de tudo, como se fosse, também,
Um helicóptero da cruz vermelha.
5 comentários:
Ena, o seu blog está lindoooooo!
Parabéns Naeno!
Ai, dificil ficar calmo assim né? rs.
Beijos querido
esse poema poderia ser musicado...
obrigada pela visita.
beijo
Naeno, gostei muito do teu blog. Parabens e um abraço do amigo Jonas.
Oba! Agora encontrei seu link e já posso te visitar. Obrigada pelo carinho. Não voltei das outras vezes porque não tinha seu endereço.
beijos querido,
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