A FALA
Sei pouco do que pensam que sei
Se falo a evitar o silêncio
Que se veste das vestes da morte
É que temo estar morto, e sem saber
Falando sei que estou vivo,
Estando calado, quieto, forjo um sorriso
Só para verem que ainda estou vivo.
E por desatino assim determinei pra mim,
Que a vida é a fala. Tanto que o morto cala,
E o seu silêncio definitivo é escabroso,
Afigura-se uma vontade de não mais falar
Estampada no seu rosto.
Também não e dado a quem já foi,
Deixar sua voz, outras palavras
Que tinha por dizer.
A morte é uma surpresa
E se percebe quando a boca se fecha,
E o coração se cala, como se tanto fez,
O que fez e sentiu, e tanto faz
O que não resta mais.
Qualquer estória, em qualquer pé
É um bom motivo pra parar,
A sua história fica pra quem bem quiser,
Falar, contar.
Calou-lhe a voz, foi-se a foz
Que espargia palavras, vida,
Que vida é falar.
foto: Vitor Hara, um guerrilheiro constra os instintos dos assassinos da Ditadura, que moreu quando sua voz deu-se por calada.
3 comentários:
Oi!....Naeno
Seu blog tem coisas novas!
Olha, gostei do texto, está muito bem escrito.
Fica bem.
Um grande abraço
Grande Naeno... e ai com esta? feliz 2007 para você...teu blog esta otimo.
Cara, vc devia virar compositor de músicas...Fico cantando seus poemas.
Beijos
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