domingo, agosto 27, 2006


OFÍCIO

Eu faço poesia como quem conta o tempo,
é o mesmo efeito que faz um tormento,
eu faço poesia, sabendo desmanchar-me,
na pressa de logo acabar, o intento,
antes do tempo de eu parar e notar.

Eu faço poesia como quem faz planos,
sabedor, espero, logo, o desengano,
eu faço poesia como quem um dia
não teve o privilégio de fazer uma cria.
algo que lhe mude de um bicho rude, em feliz mortal,

Eu faço poesia como quem desmancha,
e mexe em coisas, que o melhor era não,
faço de mim produto e matéria,
e a poesia um dia andara etérea,
e eu ocuparei enfim o seu lugar.

Eu faço poesia com caneta, papel,
e descubro em mim mal interpretado,
o que eu desejava falar não ousei,
quebrei meu caminho, prá logo chegar,
comprometendo assim, meu belo papel

naeno:091206

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bonito poema. As rosas é que sobraram. Um beijo

Ana Zélia

S. LUiz

TERESINA

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