SÓ
Quanto a mim, estou bem guardado, dentro de mim mesmo, um enclausurado, como a decidida carmelita, ora, eu me viro a Deus, pedindo sossego, que eu ouça aquela música do lado de fora.
Quanto aos meus desejos, tranqueios em mim como um celibata que todos os dias a si repete: sim não provarei da carne, nem nunca buscarei, seria o repúdio dos que me vigiam, seria a escória, condenado ao fim.
Quanto à minha boca, seca como o verão, nunca tou lábio de paixão, nem olvidou seria a maior crueldade, despertar o amor, que não me proponho, não por não ter desejos, em mim, em dormência, e por puro medo de vir sentir dor.
Quanto aos meus amores, onde estão agora, uns por nada, nada, viram que era hora, como quem mutila, a quem se quer inerte largara-me no mundo, como cão sem dono, pegaram os guardados, e se foram, embora.
naeno220403
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