domingo, agosto 27, 2006




Quanto a mim, estou bem guardado,
dentro de mim mesmo, um enclausurado,
como a decidida carmelita, ora,
eu me viro a Deus, pedindo sossego,
que eu ouça aquela música do lado de fora.

Quanto aos meus desejos, tranqueios em mim
como um celibata que todos os dias a si repete: sim
não provarei da carne, nem nunca buscarei,
seria o repúdio dos que me vigiam,
seria a escória, condenado ao fim.

Quanto à minha boca, seca como o verão,
nunca tou lábio de paixão, nem olvidou
seria a maior crueldade, despertar o amor,
que não me proponho, não por não ter desejos,
em mim, em dormência, e por puro medo de vir sentir dor.

Quanto aos meus amores, onde estão agora,
uns por nada, nada, viram que era hora,
como quem mutila, a quem se quer inerte
largara-me no mundo, como cão sem dono,
pegaram os guardados, e se foram, embora.

naeno220403

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TERESINA

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