BARCAROLA
Ontem me deu a vontade de ir lá para o lado do cais, chegndo lá, encontrei pessoas do mesmo tanto de senpre, a elas, há muito tempo não sei ter visto, haver encontrado, todas olhavam rumo á nascente, aonde é que se pressente, o sino da barcarola, sempre que, pontualmente, chegava com seus acenos. Pessoas de braços prá fora. A embarcação demorava, muitos, todos, reclamavam. Uma coitada senhora, que esperava a filha grávida, com problemas de emergência, e remédios só na capital. Alguns esperavam parentes, galinhas dentro de cofos, carnes, legumes, redes, doentes para serem remediar, e eu olhava, contemplativo, o rio. Pouco, me via preocupado com a embarcação. Eu fui revisitar na tarde, bem antes do sol se por, o cais, o rio, a mesma hora que em dias, eu ia esperar, saudoso, chegar a minha amada. Me lembro que ela descia, antes mesmo de a lancha atracar, que batia o casco no cais, ia e voltava com a água, e até que se quietasse, já estava eu junto dela, esperando de uma janela, a sua linda mala. As pessoas angustiadas, com o atraso da barcarola, alguns já tinham deixado prá mais tarde, foram-se embora, com planos de mais na frente, quando ouvissem a sirene, voltavam de novo ao porto. Sabiam: a barquinha vem. Como é certo que ela atrasa, era também que chegava. Atônito com o desespero daquela gente esperando a barca que nunca vinha, sentei-me, um solidário, dormi como um operário, acordei não vi ninguém.
naeno:270806 |
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