
MINIS
Se por uma desventura qualquer,
por um amor, uma mulher,
o que te servirá como remédio?
- O amor, a mesma mulher.
E se por outra desventura,
de uma dor, um amor,
o que te bastarias para acalmar-te.
- O ardor do amor.
naenorocha




















CARRO DE BURITI
O filho de Seu Luiz Fogoió
tinha um carro feito de buriti.
E eu de tanto ver, tanto querer,
fiz um pra mim.
longe de parecer com o dele,
Mas cabia um litro cheio de areia,
Duas dúzias de caixas de fósforos vazia.
como não tinha asfalto,
eu o puxava pela areia.
de vez em quando eu parava,
ia para o lado de traz
só para ver o rastro dele.
Percebi que tinha uma roda enviesada,
e puxava mais para a esquerda
Daí a dificuldade de conduzí-lo,
que eu julgava ser o peso.
Com esse carro,
pela sua originalidade,
ganhei um prêmio Nobel,
que hoje guardo o papel.
naeno:291006










Dom Quixote de La Mancha, está, sem sombra de erro, entre os maiores clássicos da literatura universal. A elaboração do texto, a meu ver, não deve ter sido de grande dificuldade para o autor porque ele incidiu no ponto comum de todos os homens. Na loucura, no sair de si. Nos desejos e anseios contidos em cada um. Quem não tem um amor invisível? Quem se contenta com os afagos de uma só pessoa. É da alma humana a busca. Busca pela felicidade, que implica na busca dos sonhos, quando absurdos aos olhos de outros, intitulam insanidade. Mas quem não é insano, dado a diferença imensurável de um ser par o outro. Quem, em se postando diante de outro ser igual, e andar profundo em caminhos sinceros, dos anseios, dos desejos, das desvirtudes, da infelicidade,- claro que a tendência natural é mentir - fazer-se passar pelo cidadão comum, que vive feliz, que tem uma mulher fiel, mas não rebusca, com o mais sincero dos gestos, suas entranhas, suas minúcias. E nisso, este confronto, em sendo conduzido assim, um dos dois sairá como louco.















