domingo, outubro 29, 2006

TRATOR


















Quem muito ama se engana, cedo ou tarde,
pois é o amor um crápula, um canalha,
que ora é pronto silêncio, ora é todo alarde,
e assim não podemos incorrer nesta falha.
Contar com quem se conta hoje, amanhã,
depois não se sabe nada, se dele ainda há,
o quarto onde dormia, noites de puro afã,
é o amor este relâmpago da madrugada.
Pode o amor agora, beijar e surpreender
como pode quando é hora, se esconder
e comprometer a alegria, não se conter,
sair como um despejado, para não fazer.
Amor, amor, bicho sem jeito, e luz e cor,
estranho infecto que penetra sem sinais
uma dormência, uma querência, e dor,
amor perverso, deu-se a isso, um trator.

naenorocha





ESQUECI-ME

O teu nome é quase já esquecido,
O teu rosto, lembro vagamente,
Quando alguém parecido,
Passa por mim lentamente.

Para pensar em ti, não necessita,
uma comoção, uma alegria,
qualquer paixão, que renascida,
torna-se pra mim, uma idolatria.

Os lugares por onde ficamos sós,
hoje são meros campos florados,
e nesses passados, isolados, dói,
a saudade de tudo por nós beijados.

Meus sonhos andam vagarosos, tristes,
e, na altura dos céus, esbarram sem seguirem,
tu, sem nome, sem rosto, existes,
meus sonhos voltam, em mim, te imprimirem.

Todos os disfarces da vida eu já me pus,
com eles mantive acobertado o rosto,
em velo às noites que podíeis, supus

aparecer-me inteiro, e eu lembrar teu gosto
naenorocha

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TERESINA

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