CÉUS

Ó céus, que os meus olhos pra ver-te,
Tem de um sacrifício desumano fazer,
Inclinar-me contra o sol, em sua presença,
Ou debruçar-me sobre as nuvens, e ser,
Macio, pleno de asas, de confiança em voar,
Largado ao chão, de cabeça e pés,
Pra ter um momento, das sortes que encerras.
Vivo do teu maná, das esperanças que me legaram,
Das impossibilidades de poder alcançar-te,
Morro, da tua falta, quando de ti não cai,
O conforto abençoado, e Deus não sai à janela.
Céus, de minha boca o desejo mais saído,
Do meu peito as esperanças mais contidas
E eu não chegarei ai. Infelizmente não,
Mirarei teus prados verdes, teus bosques encantados,
Não verei os anjos nos rituais de proclames,
Não da terei da Virgem Maria o regaço abençoado,
E nunca serei o anjo desejável em minha vida,
Como quis ser um dia alistado na marinha.
Não, a depender de minhas escassas penas,
Dos meus insistentes dilemas, entre à altura,
O que arte, em tempestades, tormentas,
Nesta terra, deficiente de tudo e de nada.
naeno:261006