sexta-feira, outubro 27, 2006

Dom Quixote de La Mancha, está, sem sombra de erro, entre os maiores clássicos da literatura universal. A elaboração do texto, a meu ver, não deve ter sido de grande dificuldade para o autor porque ele incidiu no ponto comum de todos os homens. Na loucura, no sair de si. Nos desejos e anseios contidos em cada um. Quem não tem um amor invisível? Quem se contenta com os afagos de uma só pessoa. É da alma humana a busca. Busca pela felicidade, que implica na busca dos sonhos, quando absurdos aos olhos de outros, intitulam insanidade. Mas quem não é insano, dado a diferença imensurável de um ser par o outro. Quem, em se postando diante de outro ser igual, e andar profundo em caminhos sinceros, dos anseios, dos desejos, das desvirtudes, da infelicidade,- claro que a tendência natural é mentir - fazer-se passar pelo cidadão comum, que vive feliz, que tem uma mulher fiel, mas não rebusca, com o mais sincero dos gestos, suas entranhas, suas minúcias. E nisso, este confronto, em sendo conduzido assim, um dos dois sairá como louco.
Quem não tem uma Dulcinéia à frente. Valorizada pelos obstáculos próprios da vida, de quem se lança verdadeiramente em busca de si próprio. Quantos Sanchos, não compartilham, por pura piedade, por ser o divergente do outro, por se achar mais adequável ao papel, e um enfermeiro, e um psicólogo a dar conselhos e conter o seu companheiro de aventuras. Miguel de Cervantes, teve a sorte de encontrar o melhor tema para se escrever em torno.
Sei que depois de Dom Quixote, a literatura mundial não foi mais a mesma. Nele tantos se inspiraram; julgo que até o próprio Freud fez de suas teorias psicanalíticas, um estudo da vida da loucura, da vida de D. Quixote.
E quantos de sonhos infantis não são abordados no livro. Qual o menino que não deu porradas numa bananeira até à exaustão julgando-o, no entanto, num outro nível, como o vilão que lhe importunava a vida do seu herói, geralmente ele mesmo. Neste aspecto Cervantes também tirou muito. Da criança, criando um homem, não louco, não inconvivível, apenas uma criança linda, magra, sincero, de olhar bondoso, um caridoso e um destemido guerreiro que tudo fazia por sua Dulcinéia.
Outro aspecto que vale ser falado é o fato de Cervantes ter dado nome ao cavalo de Dom Quixote, prova considerável de que ele era mesmo uma criança especial. Uma criança que confortou a muitos do mundo todo, antes preocupados com seus sentimentos estranhos, com suas ações fora dos padrões e, que a partir do livro, relaxaram se achando normais, como Dom Quixote era, um normal, uma criança linda, que fez do mundo inteiro o seu enorme quintal
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naeno:271006

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TERESINA

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