sexta-feira, dezembro 15, 2006
PERDÃO
Eu um dedicado capataz,
Que garanti por todo esse tempo o domínio das fronteiras,
Sem que nenhum forasteiro,
Penetrasse por suas frestas,
Embora sabedor de que isso é de todo mundo.
Eu, um proletariado,
Agarrado ao cabo da enxada nas manhãs mais lindas,
Quando poderia me dar, por direito,
Em parar com o sacrifício, e ficar a ouvir os pássaros,
Abrir os braços e deixar que leve brisa,
Que vem todas as manhãs, enxugasse o meu rosto.
Nada disso fiz, nada disso pude,
A ficar fiel, olhar atentos, aos infratores que nunca vi,
Aos desleais, que pretendem o mais do que lhes dão,
Que nunca passaram por aqui.
Pra que disposição mais tortuosa, conter os direitos
Que são de todos, a avalanche que nunca ameaçou o território,
Que vergonha, o posto, o soldo, o que me dão, não me pagam.
Que exagero o tamanho de tudo isso,
E tantos que se acomodam em trincheiras,
Depois de haver já perdido a guerra, o sentido,
O que lhes restam é isso, um buraco e um convite.
Eu que tantas pedras tirei da estrada,
Para que as carruagens dos deuses passassem livres,
Que desbravei à frente com um facão cortador,
Galhos, espinhos, cobras e até onças,
Para que os deuses adentrassem por caminhos fechados,
Os quais não conheciam, mesmo donos
Fazedores de tudo e de todos.
Que lástima... eu que tanto olhar tristonho eu avistei
Com o meu, sisudo,que não demonstrasse
Da minha parte sinal de solicitude e coerência.
Que idiota fui esse tempo todo, capataz,
Puxador de pedras, abridor de caminhos,
Indiferente à dor, e aos olhares mais santificados,
Em nome da fidelidade aos infiéis,
Em nome da santidade, que ao diabo confunde
E ele gosta, tenho tanta certeza...
naenorocha
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TERESINA
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