quarta-feira, outubro 18, 2006



















TAPERAS

Quanto de mim não ficou largado
Em terras alheias, eu só um agregado.
Quanto dos meus olhos não se esvaiu em luz
Vislumbrando uma vida no mundo difuso.
A vida é sempre severa em seus devaneios,
E utilizando-se da máxima diz: não convidei,
Mas veio. E aí prevalecem os caprichos seus,
Titubeou não leu, o pau comeu.
Mas não poderia ter mais justiça em seus acertos,
Ela nunca erra, você é que anda às avessas.
Quanto mais quer mais vai desejar,
Quanto mais busca, mais perdido estar.
Fica, portanto de mim o exemplo
Àqueles que comigo, anseiam do tempo,
Um raro momento, de pausa, calmaria,
E que não fossem os dias, as suas crias,
Tão inconstantes, nos seus semblantes,
Ora o sol surge como um prenúncio bom,
Ora ele ressurge desmanchando tudo.
Queimando sementes, já acomodadas no chão,
Enrugando a pele, te dando outra idade.
Quanto de mim ainda resta, quanto durará,
Pois nada encerrei, tudo ainda está, por terminar.
O dia, que hoje foi de trabalho e luta,
O mês que promete contar contrário,
O ano que mais me envelhecerá.
Quanto de mim, do meu coração solitário,
Não deixamos em células, a nenhum proprietário.
Só deixamos, só largamos, só andamos,
Vagarosamente, vagos, num mundo de latifundiários
.
naeno:181006

Um comentário:

Anônimo disse...

Além das poesias, as fotos também são fortes...incríveis!!!

TERESINA

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