quinta-feira, outubro 19, 2006
















LAVRADOR

Meu pai tinha seis alqueires de terra
e cuidava de outros seis, de um tio meu que morava na cidade,
e nunca havia demonstrado nenhum interrese
por aquele pedaço que lhe era de direito, por herança.
Todos receberam do mesmo tanto,
mas meu pai, por nunca haver se afastado da terra,
por imposição do meu avô,
fazia da lavoura o seu sustento
de uma família de, então oito pessoas,
a contar o casal e os filhos todos.
No verão o tempo menos propício,
quando o sol queima impiedosamente,
ele se dedicava a brocar, encoivarar, queimar, cercar.
ao caírem as primeiras chuvas, lá pro mês de dezembro,
Ele se recomeçava o trabalho, agora de capinar o mato.
que renascia, e de enxertar no chão as primeiras sementes.
Sementes daqueles legumes favoráveis à época,
como melancia, abóbora, jerimum, macaxeira,
milho e melão.
quando o inverno enfim se determinava chegar,
começava o plantio de arroz, feijão, mandioca, fava.
Mas para cada uma dessas etapas, se precediam,
trços, rezas, quermesses, feito pelas mulheres,
rogando aos céus um inverno bom,
que trouxesse fartura de uma boa colheita.
o que meu pai juntava, considerando o que ele vendia,
por se não fosse assim viravam prejuízos,
e tudo o que um sertanejo quer é,
sequer, ouvir na palavra prejuízo, desperdício.
Tudo se aproveita da colheita de uma roça,
a casca da mandioca se dá para o gado,
e rende mais leite e engorda,
as melancias mais maduras de atira aos porcos,
e estes comem até as cascas.
Era isso o que meu pai vendia: parte da farinha
parte das melancias, parte do milho, e ainda,
recebia por renda de alguns pedaços de terra que não cultivou.
juntando tudo isso, a gente vivia com suficiência até,
a quase ao final do ano, tempo em que outra roça,
já se demarcava, já se brocava, encoivarava, queimava e cercava.
naeno:191006

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TERESINA

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