TESTEMUNHA

Sabes o que eu desejaria agora,
já sobre tuas pernas recostado,
que a lua nos testemunhasse,
perante Deus, perante os homens,
que comedida fosse em seus gestos,
não repetisse tratar-se de mais duas pessoas,
entrelaçadas sob o céu aberto,
jurando amores, trocando amores.
Que por esta vez ela fosse a vela,
que ilumina, esclarecendo o caos,
e nos abordasse primeiro, da fala,
e nos ensinasse coisas mais do amor.
como testemunha, clara fosse ao dizer:
São duas pessoas, um homem, uma mulher,
desejosos um do outro, e toda vida foi,
esse amor armado, com ferros largos,
argamassa forte, que por nada quebra.
Portanto são, por serem, atentos,
aos rompantes do vento, das tempestades,
resistentes fiéis, nas dores, no amparo,
merecedores do meu bem querer,
que os dedico inteiro, lá do meu lugar,
perto das estrelas, acima das nuvens,
que não é distância, eles me observam,
e pra mim reservam, olhares distantes,
mas tão comovidos, a me fazer chorar.
Deles eu não trato como mero amantes,
antes são promessas, das que precisamos,
para a grande paz, a inesperada festa,
que farão meus olhos, ao vê-los deitados,
um por sobre o outro, recaidamente,
em um eterno sonho, silencioso,
de se entregarem, cúmplices, de mim.
Naeno:161006