segunda-feira, novembro 20, 2006
DOR
No baixo vale cercado pelas colinas,
As casas brancas de um lugar que jamais vira,
Ficavam quase escondidas com um mar acima,
Feito de nuvens que aquelas horas nisso se vira.
As janelas todas estavam escancaradas,
Como se nenhum intruso, bicho, os espreitasse,
E a confiança que tinham era no tempo, borrasca,
O mar aflito que lhes cobriam, e tudo naufragasse.
Por traz de alguma parede sem se poder identificar,
Uma voz de mulher que sussurrava, deu-se a gritar,
Falava mais com gestos, e assim não se explicava,
O transe, a dor, porque a pobre estava a chorar?
O seu lamento estridente, insípido e histérico,
Me fez pensar em tudo que estava já afogara,
Ou que recente perdera algo que amava, esférico,
O mundo que assolado pelas águas, se acabara.
Pensei num filho morto, a dor maior que uma mulher
Resiste. E assim só faz, com os ouvidos de Deus,
E ela se deu à essa dor intensa, e chorava e gritava,
Se escorria no chão, como água a buscar um veio.
naenorocha
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TERESINA
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Um comentário:
Vim no teu blog, por indicação de um amigo. E olha, gostei imensamente do que vi.
Um abraço
Pedro Arlindo
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