VIDA

Tudo o que buscamos na vida
Na é tão somente vive-la,
Alguns com ela se casariam,
Outros a tomavam como amiga,
Outros a responderiam afagos,
E outros se retardariam, perfumando-se
Quando fossem os dois a uma festa.
Outros a amariam, a deixa-la exausta,
Outros a cortejariam o tempo todo,
A deixa-la encabulada, com tiradas
De adolescentes, na busca do seu
Primeiro amor, ainda por acontecer.
Outros lhes mandavam rosas,
Aos milhões buquês de todas cores,
Outros fariam álbuns de fotografia,
Prazenteiros ao lado dela, nalgum lugar.
Outros a convidariam pra ver o por do sol,
Outros para um acampamento
Encostado numa cachoeira,
De águas brancas, e se deitariam
Por sobre a grama, e tempos e tempos,
Ficariam a finta-la, amando, querendo.
Outros desejariam dela a fragilidade,
A ingenuidade de uma mulher apaixonada,
E faziam declarações explícitas
Em outdoor pelas entradas da cidade.
Alguns se atreveriam a pedi-la em casamento,
E jurariam eterno respeito, amor, obediência,
Jamais trai-la, sequer em pensamentos.
Uns a quem ela quisesse, furtivamente,
Sairiam na madrugada a tomar vinho,
Cantarem fados, boleros, até caírem exaustos.
De todos, tudo era possível,
Como o único interesse explícito,
Tê-la em propriedade sua, amá-la talvez,
Brigarem, quem sabe? Mas serem felizes.
Mas a vida não se presta a isso,
Uma rosa que se dê é um risco,
Dormir com ela é não saber se acorda,
Amá-la então, a mais bravia das aventuras.
Aos pretendentes dela, o conselho leva,
Dos amores ela é a mais perigosa,
Das confidentes ela é mais duvidosa,
Das companhias ela é a mais faltosa
O das juras declaradas,
Ela é a que menos se mostra.
naenorocha